Latino-americanos ricos vão em seus jatinhos tomar vacina contra covid-19 nos Estados Unidos

Atualizado em 3 de maio de 2021 às 13:02

Publicado na Aero In

Foto: Tampa Aviation (Twitter)

POR CARLOS FERREIRA

Uma reportagem recente da Associated Press (AP) ilustra perfeitamente um cenário previsto há muitos meses, logo no começo da pandemia, por analistas do setor aéreo: o turismo da vacina. Obviamente, tal oportunidade se concentra nas mãos de quem tem dinheiro para viajar e permissão de entrar no outro país – no caso dos latino-americanos ricos, o destino preferido são os Estados Unidos.

O país norte-americano já está com a vacinação em estágio avançado. Há duas semanas, o presidente Joe Biden anunciou que a vacina já estava liberada a qualquer adulto a partir de 16 anos. E toda essa velocidade também atrai os “forasteiros”, que em seus países ainda não têm a vacina disponível.

Muitos deles viajam em seus próprios jatos executivos ou fretam aeronaves, tomam a vacina e retornam aos seus países, com todo o distanciamento social proporcionado pelos voos privativos. Tudo isso ao custo de dezenas de milhares de dólares. A AP cita como exemplos desse seleto rol, políticos, personalidades da TV, executivos e jogadores de futebol.

Quem faz isso, sabe que há críticas de que estrangeiros estão se aproveitando dos contribuintes americanos ao serem vacinados nos Estados Unidos, já que o governo americano está pagando pelas vacinas e pelo custo de administrá-las a quem não tem seguro saúde. As restrições nos estados são poucas e uma pessoa consegue tomar sua dose mediante um breve cadastro, que pode usar até o endereço de um hotel para “provar residência” e apresentar um documento com foto.

A resposta uníssona dos vacinados latino-americanos é que estão tentando proteger a si mesmos e a sua família. O argumento parece justo.

“A desigualdade alimenta o turismo de vacinas”, disse Ernesto Ortiz, gerente sênior de programas do Global Health Innovation Center da Duke University, na Carolina do Norte à AP. “No Peru, por exemplo, apenas 3% dos 32 milhões de habitantes do país receberam uma dose”.