O episódio em que Sergio Moro admitiu plágio em um artigo é revelador de seu caráter.
O advogado Marcelo Augusto Rodrigues de Lemos descobriu a cópia por acaso.
Estava pesquisando na internet quando viu a peça de Moro e Beathrys Ricci Emerich — aluna do ex-juiz da Lava Jato — sobre um tema de seu interesse: lavagem de dinheiro para o crime organizado por meio do pagamento a advogados.
Lemos publicou o original no site do Conjur em novembro de 2019. É um especialista no assunto.
Moro admitiu o que fez — mas culpou Beathrys.
“O artigo em questão foi escrito em coautoria acadêmica, sendo a redação toda da orientanda. Infelizmente, ela cometeu um erro metodológico ao utilizar dois pequenos trechos sem citar o autor”, afirmou em nota.
Ela também se escusou “pelo erro metodológico que cometi ao omitir inadvertidamente no presente estudo as referências à citação de um parágrafo do artigo científico de autoria do ilustre jurista, Dr. Marcelo Augusto Rodrigues de Lemos.”
Lemos espera uma retratação pública do próprio Moro, a quem ainda pensa em processar.
A facilidade com que o ex-ministro de Bolsonaro apontou o dedo para Beatriz é impressionante.
Se ele é co-autor, deveria assumir a responsabilidade com ela.
Ao invés disso, atirou logo a batata quente no colo da mulher — que, em começo de carreira, preferiu assumir o malfeito.
Se o sujeito não escreveu nada, está pegando carona na obra alheia e se apropriando do que não é seu. Que raio de orientação foi essa?
Moro é assim. Passa um ano e meio num governo delinquente, chefiado por um miliciano, e alega supresa com a falta de empenho no “combate à corrupção”.
Beathrys, agora, junta-se aos brasileiros que conhecem melhor o sujeito que encaravam como paladino da moral e herói imaculado.