
A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou, nesta quinta-feira (3), o ambicioso pacote tributário e orçamentário proposto pelo governo de Donald Trump, que agora segue para sanção presidencial. O projeto, intitulado “One Big Beautiful Bill” (Grande e Belo Projeto, em tradução livre), foi aprovado por 218 votos a 214 após intensa negociação com parlamentares republicanos.
A aprovação ocorre dois dias após o Senado ter dado seu aval ao pacote, que promete reconfigurar profundamente a política fiscal e orçamentária dos EUA. Cinco republicanos chegaram a ameaçar votar contra a proposta, mas mudaram de posição após pressão direta do presidente Trump, que esvaziou sua agenda na quarta-feira (2) para receber deputados moderados na Casa Branca.
O megapacote prevê cortes de impostos estimados em US$ 4 trilhões, mantendo muitas das reduções tributárias implementadas por Trump em 2017.
Entre as novidades estão isenções temporárias para gorjetas e horas extras, além de benefícios fiscais para idosos acima de 65 anos. Empresas também ganham novas deduções para pesquisa e investimento.

No entanto, o pacote também traz medidas polêmicas como:
– Cortes de US$ 930 bilhões em programas como Medicaid e assistência alimentar;
– Fim dos principais créditos fiscais para energia limpa da era Biden;
– Redução de US$ 330 bilhões em empréstimos estudantis;
– Investimentos de US$ 175 bilhões em medidas anti-imigração.
O Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) estima que o pacote adicionará US$ 3,3 trilhões à dívida pública dos Estados Unidos, que já soma US$ 36,2 trilhões. Analistas alertam que essas medidas podem desacelerar o crescimento econômico e aumentar os custos de empréstimos nas próximas décadas.
“Esse pacote representa uma transferência de riqueza dos mais jovens para os mais velhos”, afirmou um analista consultado pela Reuters. O projeto também tende a elevar, segundo o especialista, o limite de endividamento em US$ 5 trilhões, adiando o risco de calote neste verão.
Na área de saúde, as novas regras exigirão 80 horas mensais de trabalho para adultos sem filhos acessarem o Medicaid. Estima-se que milhares possam perder cobertura médica devido às mudanças no Obamacare.