Um levantamento realizado pela prefeitura de São Paulo apontou que, de cada 10 crianças e adolescentes que vivem nas ruas da capital, três não têm casa para voltar durante a noite. Nesses casos, os jovens de idades entre 7 e 17 anos se abrigam em barracas ou malocas.
A informação evidencia o aumento das famílias em situação de rua retratado pelo censo da população de rua divulgado em 2022 pela administração municipal. Atualmente, cerca de 4.000 menores de 18 anos vivem nas ruas, de acordo com os dados de julho do ano passado.
Esse número é 91,2% maior do que o registrado em 2007, quando foram identificadas 1.966 crianças e adolescentes sem-teto. A avaliação qualitativa das informações foi apresentada nesta segunda-feira (3) pela administração municipal, segundo a Folha de S.Paulo.
O levantamento mostra que a maioria das crianças e adolescentes vistos pelas ruas da metrópole mora em bairros da zona leste (44,3%). Dos entrevistados de 7 a 17 anos entre agosto e setembro do ano passado, 90% disseram que estão nas ruas para obter renda e sustentar a família.
O segundo motivo mais frequente é “para ter liberdade” (8%), com “desemprego de familiar que sustentava a casa” (7%) vindo logo depois, “não ter onde ficar” (2%) em quarto lugar, seguido por “brigas com pais e irmãos” (1%) e “vício em álcool e drogas” (1%).
Entre os que afirmaram dormir nas ruas, 64% citaram a necessidade de ter uma renda. Em segundo lugar, “não ter onde ficar” (19%). Nesse grupo, uma porcentagem maior de pessoas disse que dorme ao relento “para ter liberdade” (16%) e pelo “consumo de álcool e drogas” (13%).
Metade do grupo diz que chegou às ruas aos sete anos. Pelo menos 50,1% afirmaram que o pai ou a mãe o acompanhava quando passou a ser sem-teto. Outros 21,9% estavam com amigos.
Já se tratando das atividades nas ruas, a venda de produtos foi citada como a principal pelos grupos de 0 a 6 anos (75%) e de 7 a 17 anos (63%). No caso de menores de 7 anos, as respostas foram dadas por adultos acompanhantes no momento da abordagem. Pedir esmolas foi a segunda atividade mais frequente entre as crianças menores (70%) e também entre as de 7 a 17 anos (57%). Este segundo grupo também citou a venda de drogas (6%) e a prática de furtos e roubos (10%)
Os números correspondem à realidade foi apontada pelos técnicos que elaboraram o censo com alto risco associado das crianças e adolescentes serem expostas à exploração de trabalho infantil e a episódios de violência.
O levantamento aponta que, na faixa etária de 7 a 17 anos, é mais comum o menor estar na rua acompanhado de outro familiar, mas 69,9% afirmaram ter um familiar vivendo no mesmo cenário. Pontos como o Masp (Museu de Arte de São Paulo), na avenida Paulista, e a praça da Sé foram listados como os locais de permanência de crianças e adolescentes com mais de 7 anos.