
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta terça-feira (8) que a Polícia Federal não descarta a possibilidade de ligação entre a adulteração de bebidas com metanol e o crime organizado. O posicionamento foi dado após a realização de uma megaoperação contra o Primeiro Comando da Capital (PCC) e durante reunião com representantes da indústria de bebidas e associações de combate à falsificação. Lewandowski explicou que a origem do metanol ainda está sendo investigada.
“Todos sabem que recentemente nós tivemos uma enorme ação de combate de infiltração do crime organizado na área de combustíveis. E muitos caminhões e tanques de metanol foram abandonados depois dessa operação, e essa é uma hipótese que está sendo estudada pela Polícia Federal”, explicou o ministro.
Ele ainda confirmou que as medidas tomadas pela PF serão condicionadas pela origem do material. “Se esta é uma origem do metanol que está adulterando as bebidas, então a atuação repressiva será numa direção. Se esse metanol tiver origem a partir de produtos agrícolas, é claro que a repressão terá outros alvos”, afirmou.
“Se a origem do metanol for de um produto vegetal, seguimos uma linha de investigação. Se for de um produto fóssil, adotamos outra linha. Nós não descartamos absolutamente nenhuma hipótese”, concluiu Lewandowski.
O ministro explicou ainda que, caso seja confirmada a origem fóssil do metanol, a investigação poderá estar ligada à megaoperação de combate à adulteração de combustíveis e infiltração do crime organizado no setor. “Ou seja, pode haver conexão entre a adulteração de bebidas com metanol e a atuação do crime organizado. É por isso que a Polícia Federal ingressou no caso”, afirmou.
Apesar da concentração da maioria dos casos em São Paulo, o ministro destacou que a PF atuará sem prejuízo do trabalho da Polícia Civil paulista e demais forças estaduais. Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, e Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública, no entanto, negaram qualquer envolvimento do crime organizado antes mesmo das investigações.
Enquanto o governador bolsonarista desdenhou da preocupação sobre o tema, o ministro também anunciou a criação de um comitê interministerial para enfrentar a crise de adulteração de bebidas com metanol. “Trata-se de uma crise de saúde pública, de certa maneira inusitada, pois as pessoas estão sendo afetadas por um produto cuja toxicidade e efeitos nocivos à saúde humana ainda não eram amplamente conhecidos”, explicou.
Segundo Lewandowski, o país registrava em média 20 casos por ano de intoxicação por metanol. “Após uma discussão bastante produtiva, chegamos à conclusão de que seria importante criar um comitê de enfrentamento da crise do metanol, um comitê informal, que possibilite a troca de informações, o compartilhamento de boas práticas e o anúncio de providências adotadas tanto pelo setor público quanto pelo privado”, acrescentou.
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