Lewandowski recebe visto dos EUA para Assembleia da ONU

Atualizado em 16 de setembro de 2025 às 14:53
Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça. Foto: Nelson Jr./STF

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, recebeu nesta terça-feira (16) a confirmação de que seu visto para os Estados Unidos foi concedido, segundo o G1, o que permitirá sua participação na comitiva brasileira durante a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), marcada para a próxima semana em Nova York.

A autorização ocorre em meio a um cenário de tensão diplomática entre Brasília e Washington, marcado por restrições recentes a autoridades brasileiras.

Na segunda-feira (15), o Itamaraty havia informado que parte dos vistos solicitados pela delegação ainda estava em “processamento”. Apesar da proximidade do encontro, a diplomacia brasileira avaliava que haveria tempo hábil para a liberação. Em Nova York, questionado sobre o tema, o porta-voz do secretário-geral da ONU classificou a situação como “preocupante” e destacou que o acordo de sede obriga os Estados Unidos a facilitar a entrada de representantes oficiais com compromissos na organização.

Lewandowski estava entre os ministros que aguardavam resposta, assim como Alexandre Padilha, da Saúde. Enquanto o titular da Justiça teve a situação resolvida, Padilha afirmou que não está “nem aí” para a possibilidade de não receber a autorização do governo Donald Trump.

No mês passado, os Estados Unidos cancelaram o visto da esposa e da filha do ministro da Saúde, de apenas 10 anos. O documento do próprio Padilha não foi alvo da medida porque já estava vencido.

O endurecimento nas relações bilaterais inclui sanções direcionadas a integrantes do programa Mais Médicos. O Departamento de Estado revogou vistos de Mozart Julio Tabosa Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde, e de Alberto Kleiman, ex-assessor de Relações Internacionais e atual coordenador-geral para a COP30.

Donald Trump em discurso na ONU. Foto: reprodução

Em comunicado divulgado pela embaixada estadunidense em Brasília, atribuído à Agência para as Relações com o Hemisfério Ocidental, o Mais Médicos foi descrito como “um golpe diplomático que explorou médicos cubanos, enriqueceu o regime cubano corrupto e foi acobertado por autoridades brasileiras e ex-funcionários da Opas”.

As sanções não se limitaram ao Executivo. Em julho, oito ministros do Supremo Tribunal Federal tiveram vistos cancelados, entre eles Alexandre de Moraes, junto de familiares. Apenas André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux ficaram de fora da lista.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também foi atingido. A decisão gerou mal-estar em Brasília, uma vez que a ONU, como sede, tem regras que preveem o livre acesso de representantes de Estados-membros.

Marco Rubio, secretário de Estado do governo Trump, justificou a medida afirmando que o presidente “deixou claro que o governo estadunidense responsabilizará estrangeiros responsáveis pela censura de expressão protegida nos Estados Unidos”. A fala ocorre no momento em que a Casa Branca associa sanções à política interna brasileira, especialmente a decisões judiciais do STF em processos relacionados ao bolsonarismo.

 

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.