
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, fez um grave alerta ao Brasil e outros países do Brics durante visita aos Estados Unidos nesta terça-feira (15). Em declarações à imprensa após reunião com o presidente dos EUA Donald Trump e congressistas estadunidenses, Rutte advertiu sobre possíveis sanções caso a Rússia não avance nas negociações de paz com a Ucrânia.
“Se a Rússia não levar a sério as negociações de paz, em 50 dias ele [Trump] aplicará sanções secundárias a países como Índia, China e Brasil”, afirmou o líder da aliança militar.
Rutte foi ainda mais direto em seu recado: “Meu incentivo para esses três países em particular é que você pode querer dar uma olhada nisso, porque pode te atingir muito forte. Então, por favor, ligue para Putin e diga a ele que ele precisa levar a sério os acordos de paz”.
A ameaça de sanções secundárias, que atingiriam países que mantêm relações comerciais com a Rússia, foi inicialmente feita por Trump no dia anterior. O presidente dos EUA estabeleceu um prazo de 50 dias para progressos nas negociações de paz, sob risco de impor tarifas de até 100% sobre produtos russos.
Secretário-geral da Otan diz que Brasil pode ser tarifado em 100% por compra de petróleo russo.
“Se você é o presidente da China, o primeiro-ministro da Índia ou o presidente do Brasil e ainda negocia com os russos e compra seu petróleo e gás, saiba que se esse cara em Moscou… pic.twitter.com/MGW5VsDbqf
— Metrópoles (@Metropoles) July 15, 2025
Esta não é a primeira vez em que o Brasil aparece no radar de possíveis sanções ocidentais. O país já enfrenta tensões comerciais com os Estados Unidos após o anúncio de tarifas de 50% sobre exportações brasileiras, que devem entrar em vigor em 1º de agosto.
Em carta ao presidente Lula (PT), Trump vinculou a medida a processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que segundo a narrativa da extrema-direita, estaria sendo perseguido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Também nesta segunda-feira, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu um comunicado oficial classificando as recentes manifestações diplomáticas dos Estados Unidos como uma “nova intromissão indevida e inaceitável em assuntos de responsabilidade” dos Poderes brasileiros.
“O governo brasileiro deplora e rechaça, mais uma vez, manifestações do Departamento de Estado norte-americano e da embaixada daquele país em Brasília que caracterizam nova intromissão indevida e inaceitável em assuntos de responsabilidade do Poder Judiciário brasileiro”, diz o texto.
O documento assinado pelo ministro Mauro Vieira ainda afirma que tais manifestações “não condizem com os 200 anos da relação de respeito e amizade entre os dois países”.
A reação brasileira ocorre após declarações do subsecretário do Departamento de Estado dos EUA, Darren Beattle, que na segunda-feira (14) vinculou a taxa de 50% imposta por Donald Trump sobre produtos brasileiros a decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e as supostas ações do governo Lula contra Bolsonaro.