
Ronilson de Jesus Santos, liderança à frente de cerca de 80 famílias de agricultores e posseiros em Anapu (PA), foi assassinado na manhã desta sexta-feira (18) em uma área do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Virola Jatobá — o mesmo assentamento onde, há pouco mais de 20 anos, a missionária Dorothy Stang foi morta. A região é uma das mais violentas do país quando se trata de disputa por terras. A informação foi confirmada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Contraf) e pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira.
Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Ronilson não era uma liderança do Virola Jatobá propriamente dito, mas estava à frente do chamado acampamento Vale do Pacuru, instalado por famílias que ocuparam uma área da floresta dentro do PDS. A CPT afirma que ele vinha sofrendo ameaças de pistoleiros, em um contexto de pressão intensa de madeireiros, grileiros e até produtores de soja pela tomada de terras na região.
Ronilson teria sido assassinado enquanto lavava roupas, de acordo com relatos da CPT. O corpo foi encontrado por um de seus filhos, após vizinhos ouvirem disparos de arma de fogo. Ainda não se sabe quantos tiros foram efetuados. O temor agora é que outras famílias do acampamento estejam igualmente em risco. Uma reunião com o Incra estava marcada para maio, com o objetivo de buscar uma solução para o impasse fundiário.

O ministro Paulo Teixeira classificou o crime como um “covarde assassinato” e afirmou que conversou com o secretário de Segurança Pública do Pará, Ualame Machado, para solicitar investigação e proteção aos demais agricultores da área. Segundo o ministro, Ronilson deixa esposa e três filhos pequenos, e o acampamento será incluído no programa de proteção de defensores dos direitos humanos.
A violência agrária em Anapu permanece crítica, mesmo duas décadas após o assassinato de Dorothy Stang, que foi morta por denunciar grilagens e desmatamentos ilegais. O PDS Virola Jatobá, criado em 2004, ainda não possui formalização definitiva, embora seja considerado consolidado por decreto desde 2018. A área segue como foco de tensão, com relatos de invasões, rondas armadas e destruição ambiental.
A Contraf lamentou o assassinato e afirmou que o crime “atinge diretamente um território de luta e resistência da agricultura familiar e da reforma agrária, além dos povos da floresta”. Com informações da Folha de S.Paulo.
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