Líder do Hamas é morto no Irã; nenhum grupo assumiu autoria

Atualizado em 31 de julho de 2024 às 6:33
O chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, foi morto em Teerã. Reprodução

 

O chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, foi morto em Teerã, no Irã, anunciou o grupo palestino nesta quarta-feira (31). A Guarda Revolucionária do Irã também confirmou, em comunicado, que o líder do Hamas e um de seus guarda-costas foram assassinados na manhã de terça-feira em Teerã e que está investigando o caso.

“A residência de Ismail Haniyeh, chefe do escritório político da Resistência Islâmica do Hamas, foi atacada em Teerã, resultando na morte dele e de um de seus guarda-costas”, afirmou a Guarda Revolucionária.

Segundo a TV estatal iraniana, ele foi morto às 2h da quarta-feira, horário de Teerã (20h de terça em Brasília), enquanto estava em uma residência de veteranos de guerra no norte da capital iraniana. Os comunicados não fornecem detalhes sobre como Haniyeh foi morto, e ninguém assumiu a responsabilidade pelo assassinato.

Israel não comentou o caso, mas havia prometido matar Haniyeh e outros líderes do Hamas após o ataque do grupo em 7 de outubro, que deixou 1.200 mortos e cerca de 250 sequestrados. Em comunicado, o Hamas afirmou que Haniyeh foi morto em um “ataque aéreo traiçoeiro à sua residência em Teerã”. Ele estava no Irã para participar da cerimônia de posse do presidente Masoud Pezeshkian. “É um ato covarde que não ficará impune”, disse a TV Al-Aqsa, controlada pelo Hamas, citando Moussa Abu Marzouk, alto funcionário do grupo.

Segundo a TV Al Mayadin, sediada em Beirute, o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, afirmou que “é dever do Irã vingar o sangue de Haniyeh porque ele foi martirizado em nosso solo”.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, condenou fortemente o assassinato de Haniyeh, informou a agência de notícias estatal WAFA. Grupos palestinos convocaram uma greve geral e manifestações em massa após a morte de Haniyeh.

Em maio, o procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional pediu a prisão de Haniyeh por crimes de guerra durante o conflito entre Israel e Hamas. Na ocasião, outros dois líderes do Hamas e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, juntamente com seu ministro da defesa Yoav Gallant, também tiveram a prisão pedida.

Os Estados Unidos não reagiram. A administração de Joe Biden tenta pressionar o Hamas e Israel a concordarem com um cessar-fogo temporário e um acordo de libertação de reféns.

Líder do Hamas foi morto por volta das 20h neste dia 30 de agosto. Reprodução

 

Quem era o líder do Hamas

Ismail Haniyeh, morto no Irã nesta quarta-feira (31), atuava como diplomata internacional do Hamas enquanto a guerra prosseguia em Gaza, onde três de seus filhos foram mortos em um ataque aéreo israelense. Apesar da retórica, ele era considerado por muitos diplomatas como um moderado em comparação com os membros mais radicais do grupo apoiado pelo Irã em Gaza.

Nomeado para o cargo mais alto do Hamas em 2017, Haniyeh se movia entre a Turquia e Doha, no Catar, escapando das restrições de viagem da Faixa de Gaza e permitindo-lhe atuar como negociador em cessar-fogos ou conversas com o aliado do Hamas, o Irã.

“Todos os acordos de normalização que vocês (estados árabes) assinaram com (Israel) não acabarão com este conflito”, declarou Haniyeh na televisão Al Jazeera, sediada no Catar, logo após os combatentes do Hamas lançarem o ataque de 7 de outubro. A resposta de Israel ao ataque resultou em uma ação militar que já matou mais de 35.000 pessoas dentro de Gaza até agora, segundo as autoridades de saúde do território, ligadas ao próprio Hamas.

Três dos filhos de Haniyeh – Hazem, Amir e Mohammad – foram mortos em 10 de abril, quando um ataque aéreo israelense atingiu o carro em que estavam, segundo o Hamas. Haniyeh também perdeu quatro de seus netos, três meninas e um menino, no ataque. Ele negou as alegações israelenses de que seus filhos eram combatentes do grupo e disse que “os interesses do povo palestino estão acima de tudo” quando questionado se a morte deles afetaria as negociações de trégua.

Apesar da linguagem dura em público, diplomatas e oficiais árabes o viam como relativamente pragmático em comparação com vozes mais radicais dentro de Gaza, onde a ala militar do Hamas planejou o ataque de 7 de outubro. Enquanto dizia ao exército de Israel que eles se encontrariam “afundando nas areias de Gaza”, ele e seu antecessor como líder do Hamas, Khaled Meshaal, viajavam pela região para negociações sobre um acordo de cessar-fogo mediado pelo Catar com Israel, que incluiria a troca de reféns por palestinos nas prisões israelenses e mais ajuda para Gaza.

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