
O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), precisou se explicar neste domingo (29) sobre a ausência de duas figuras centrais do bolsonarismo no ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em São Paulo. Questionado pelo repórter do DCM, Fabrício Rinaldi, o parlamentar atribuiu a ausência de Michelle Bolsonaro a um compromisso partidário em Roraima e disse que o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) estaria em um casamento.
A justificativa, no entanto, pareceu pouco convincente. O ato, que reuniu cerca de 12 mil pessoas, segundo estimativas do estudo da USP, foi menor do que o já esvaziado protesto realizado em abril na Avenida Paulista. A expectativa era de uma mobilização de grande porte, que pudesse demonstrar força política em um momento em que Bolsonaro se encontra cada vez mais pressionado por investigações e riscos jurídicos.
A ausência de Michelle Bolsonaro chamou atenção pela simbologia. Enquanto o marido tenta manter viva sua base política em um momento crítico, a ex-primeira-dama preferiu priorizar o evento do PL Mulher, cuja agenda poderia ter sido remanejada, considerando a gravidade da situação enfrentada pelo ex-presidente. Nikolas Ferreira optou por não comparecer, alegando compromisso social. O contraste entre a importância do ato — possivelmente o último antes de eventual prisão de Bolsonaro — e a justificativa das ausências reforça a percepção de desgaste e desarticulação interna.
A queda de público confirma essa tendência: se antes Bolsonaro era capaz de mobilizar centenas de milhares de pessoas, hoje as manifestações têm dimensão cada vez menor, com público restrito a segmentos mais radicais.
O que se observa é um movimento de esvaziamento político, em que parte da antiga base eleitoral e de parlamentares se distancia de Bolsonaro, antecipando um provável cenário de enfraquecimento no Congresso Nacional. Ainda que o bolsonarismo siga existindo como força cultural e de opinião pública, sua capacidade de articulação institucional parece corroída.
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