Líder dos caminhoneiros abandona Bolsonaro e é chamado de esquerdista. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 4 de abril de 2020 às 18:50

O líder dos caminhoneiros Ivar Luiz Schmid, do Comando Nacional dos Transportes (CNT), é mais um a abandonar o rebanho bolsonarista. Em seu perfil no Facebook, ele fez um desafio a todos que o criticam por não estar mais alinhado ao discurso de Jair Bolsonaro:

Se vc acha que o vírus é só uma gripezinha, vá num cartório e faça uma declaração dizendo que abre mão dos respiradores artificiais. Mostre pra todos que vc realmente acredita que ele é inofensivo. Deve custar uns 10 pila.
Ninguém sabe de porra nenhuma até o momento, nem a ciência, mas tem alguns sabichões que já estão mais pra frente nos “estudos”. A maioria faz curso sobre Coronavirus com o presidente.

Uma bolsomion sugeriu a ele que fosse ao YouTube para ver vídeos de “especialistas” que dizem que a pandemia não é tão grave.

“Especialista de YouTube??? Pra quê? Eu estou seguindo a linha de Donald Trump, vc acha que os especialistas dele são ruins? Ahhhh, vai dizer que ele virou inimigo também pq não tá fazendo o que o mito manda?”, respondeu.

Atacado por milicianos, respondeu:

“Será que Trump também será odiado? Chamado de vagabundo que não quer trabalhar, de esquerdista e traidor? Afinal, o mito, maior especialista intergaláctico que conhecemos quando o assunto é Corona Vírus, não recomendou isolamento horizontal, tem que ser o vertical. Trump é desobediente.”

Ivar acabou também atraindo aliados, como Ricardo Rocchi, conhecido como Tomataço, ex-bolsonarista-raiz. Em uma postagem, disse que Bolsonaro não sabe administrar e que ele precisa deixar as tarefas do governo com os ministros.

Ivar Schmidt liderou uma greve durante o governo Dilma, em 2015. Era um movimento que dizia reivindicar redução no preço do diesel — que hoje está muito mais alto.

Mas o movimento acabou servindo para também pedir a saída da então presidente da república.

Na greve de maio de 2018, ele decidiu não participar ativamente, mas foi entrevistado na época por sua liderança na categoria. Disse que 90% dos caminhoneiros apoiavam a candidatura de Jair Bolsonaro, inclusive ele.

Natural de Palmitos, em Santa Catarina, Ivar tem 49 anos, mora em Mossoró, Rio Grande do Norte. Trabalha como caminhoneiro autônomo há 26 anos.

“Comecei em 1994. Autônomo, tenho registro na ANTT como autônomo e como empresa, mas meu caminhão roda como autônomo. Tenho um só caminhão. Carrego sal para Mato Grosso e volto com milho”, afirmou Schmidt à revista Carga Pesada.

Nunca foi filiado a sindicato.

Foi um dos primeiros da categoria a usar atividade a rede social para atacar os sindicatos, associações e federações, e Dilma Rousseff.

A convite de um deputado do Partido Progressista, Jerônimo Goergen, do Rio Grande do Sul, participou das discussões da Lei do Caminhoneiro e passou a ser conhecido nacionalmente.

Ao se retirar do gado, Ivar gera uma baixa de peso no bolsonarismo, movimento caracterizado pela ignorância, violência e extrema ambição de seus líderes.