Líderes europeus e empresas detonam acordo entre UE e EUA: ‘Dia sombrio’

Atualizado em 28 de julho de 2025 às 9:09
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Reprodução

O novo acordo comercial entre Estados Unidos e União Europeia, anunciado por Donald Trump neste domingo (27), foi duramente criticado por líderes europeus e representantes de grandes indústrias. Com informações da CBN.

Ao divulgar o pacto, o norte-americano afirmou que a UE passará a pagar 15% de tarifa sobre exportações ao país e celebrou o resultado: “O acordo com a União Europeia é o maior já feito”.

Apesar do tom positivo de Trump e da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen — que declarou que o acordo “trará estabilidade” —, a reação de outros líderes foi negativa.

O premiê da França, François Bayrou, afirmou que o tratado marcou um “dia sombrio” para a Europa. “É um dia sombrio quando uma aliança de povos livres, reunidos para afirmar seus valores comuns e defender seus interesses comuns, se resigna à submissão”, escreveu no X.

O ministro francês para a Europa, Benjamin Haddad, também criticou o acerto. Segundo ele, o acordo oferece “estabilidade temporária”, mas é “desequilibrado” e “insatisfatório e insustentável”.

Na Itália, a primeira-ministra Giorgia Meloni disse que ainda precisa avaliar os detalhes, questionando se haverá isenções, garantias de investimento europeu e como o pacto afetará as compras de gás dos EUA e a competitividade das indústrias locais.

Federações industriais alemãs também se posicionaram contra o novo tratado. A poderosa BDI (Federação da Indústria Alemã) alertou para “repercussões negativas consideráveis”, enquanto a associação química VCI criticou os níveis elevados das tarifas.

Já a presidente da VDA, que representa o setor automobilístico, Hildegard Müller, afirmou que o acordo trará “enormes custos” para as montadoras europeias.

O que prevê o novo acordo

Antes da negociação com a UE, Trump havia anunciado tarifas de 30% sobre produtos europeus. Após o encontro com Ursula von der Leyen, esse valor foi reduzido para 15%, com exceção de carros, semicondutores e produtos farmacêuticos, que enfrentarão tarifa de 27,5%.

“Ainda serão feitas investigações sobre taxas para chips e produtos farmacêuticos. Quaisquer decisões americanas posteriores sobre esses setores serão ’em outra folha de papel’”, declarou von der Leyen. Apesar disso, as tarifas sobre aço e alumínio da Europa seguirão em 50%.

Segundo Trump, o bloco se comprometeu a investir US$ 600 bilhões nos Estados Unidos — sendo US$ 150 bilhões em energia —, além de comprar US$ 750 bilhões em produtos energéticos nos próximos três anos. Parte dos investimentos será destinada também à compra de equipamentos militares norte-americanos.

O tratado também estabelece tarifa zero para todas as aeronaves e seus componentes, medicamentos genéricos, certos produtos agrícolas, equipamentos semicondutores, produtos químicos selecionados, recursos naturais e matérias-primas essenciais.