Liminar pró-Glenn é o paradoxo de afirmar o óbvio. Por Fernando Brito

Atualizado em 8 de agosto de 2019 às 14:30

Publicado no Tijolaço

POR FERNANDO BRITO

A medida cautelar de Gilmar Mendes proibindo que o jornalista Glenn Greenwald seja investigado pela publicação dos diálogos da ‘Vaza Jato’ é o mais triste testemunho da degradação a que chegou o aparato policial-judicial brasileiro.

Em condições normais, é evidente que não se precisaria garantir judicialmente a um jornalista o direito de não sofre perseguições do Estado por estar fazendo o seu trabalho. Mas o Brasil, faz tempo, deixou de ser um país em condições normais.

E infelizmente, não dá para negar que, em boa parte, graças a jornalistas que supriram as necessidades publicitárias do germe autoritário que facilmente se instala em policiais, procuradores e em juízes, em função do poder que têm.

E que usam, hoje já sem qualquer pudor para, com a ajuda da mídia, criar estados de ânimo de linchamento entre segmentos da população.

Medidas como a transferência de Lula, ontem, e a “prisão espetacular” de Eike Batista – que já estava em prisão domiciliar – decretada hoje por Marcelo Bretas servem a este projeto: nenhuma serventia processual, mas manchetes e “ao vivo” garantidos.

O combustível, claro, é o ódio. E que é incendiado com centelhas judiciais.

Cedo ou tarde, como estamos vendo acontecer com a Lava Jato, isso leva à sua própria degradação.