Lindbergh aciona PF contra Cláudio Castro após operação contra Banco Master

Atualizado em 19 de novembro de 2025 às 9:55
Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara. Foto: reprodução

A liquidação do Banco Master desencadeou uma ofensiva política e jurídica no Rio de Janeiro. Na terça-feira (18), o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do partido na Câmara, acionou o Ministério Público Federal e a Polícia Federal pedindo a abertura de uma investigação criminal e financeira sobre a gestão do Rioprevidência, responsável pelo pagamento das aposentadorias e pensões de mais de 235 mil servidores estaduais.

O governo do estado, de Cláudio Castro (PL), não se manifestou. O alerta foi reforçado após a prisão do banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Master, no mesmo dia da decretação de regime especial temporário e liquidação da instituição pelo Banco Central.

Na representação enviada à PF, Lindbergh solicita “a ampliação formal do objeto da investigação em curso, para incluir todas as operações financeiras, decisões de investimento e aportes realizados pelo Rio Previdência ao Banco Master, especialmente os mais recentes, no montante aproximado de R$ 1 bilhão”.

Além disso, o petista também pede que a corporação convoque o governador bolsonarista, presidente e ex-presidentes da Rioprevidência, diretores financeiros, conselheiros do fundo e representantes do Banco Master envolvidos nas negociações.

Ele cita reportagem que revelou que o TCE já havia alertado, em outubro, sobre investimentos de cerca de R$ 1 bilhão no banco, mesmo após sinais de deterioração financeira da instituição. “A decisão de alocar recursos vultosos em uma instituição sob investigação, sem justificativas técnicas robustas, pode representar dano ao erário, risco aos beneficiários do sistema previdenciário e possível crime de gestão temerária ou fraudulenta”, afirmou o petista.

 

Segundo dados citados pelo deputado estadual Flávio Serafini (PSOL-RJ), que também entrou com uma pedido de investigação sobre Castro na PF, o Tribunal de Contas do Estado havia apontado R$ 2,618 bilhões aplicados pelo Rioprevidência até julho. O fundo, no entanto, nega o montante e afirma que o valor “vem sendo equivocadamente veiculado” devido a um cálculo do TCE.

Em nota, a autarquia afirma que o investimento real foi de aproximadamente R$ 960 milhões em Letras Financeiras e que negocia a troca desses papéis por precatórios federais.

O órgão garante que “o pagamento de aposentadorias e pensões está garantido, não havendo qualquer risco para os segurados”. O fundo também destacou que seu desembolso mensal é de R$ 1,9 bilhão, custeado em grande parte por royalties e participações especiais.

Para Serafini, contudo, a situação exige apuração rigorosa. Ele pede que o MPF investigue possível gestão temerária do diretor-presidente do Rioprevidência, Deivis Marcon Antunes, e do ex-diretor de Investimentos, Euchério Lerner Rodrigues, além de eventual favorecimento ao grupo de Vorcaro.

“Embora o Fundo Garantidor de Créditos tenha patrimônio para absorver parte do impacto, grandes investidores institucionais – como fundos previdenciários estaduais – podem sofrer perdas significativas”, afirmou. O parlamentar também solicitou abertura de inquérito envolvendo a Polícia Federal, Banco Central e Receita Federal.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.