Lira dá as cartas. Até quando? Por Adriano Viaro

Atualizado em 31 de maio de 2023 às 13:40
Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Foto: Reprodução

Enquanto o judiciário brasileiro joga xadrez em busca da captura dos peões, seguido das torres e de todo o primeiro escalão, para daí sim capturar o [ex]Rei – e de quebra a [ex]Rainha -, o executivo está sentado em mesa de pôquer, cujo presidente da Câmara é o croupier.

Com a malandragem típica da função, Lira sabe quantas, para quem, e quais cartas dá. Como se não bastasse, o baralho é viciado. Cartas marcadas por ferrete, em gado que muge de modo bestializado. Meio a tudo isso, o quarto poder (mídia corporativa) isola o croupier de qualquer possibilidade de berlinda.

Uma das cartas tiradas da manga de Lira, com a velocidade da função, foi o Marco Temporal Indígena. Carta valiosa, não para o gado, mas sim para os donos do ferrete. O Brasil esquece que a única carta válida para definir Marco Temporal Indígena foi escrita e assinada por Pero Vaz de Caminha: “[…] Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito, segundo disseram os navios pequenos, por chegarem primeiro. […] ao chegar o batel à boca do rio, já ali havia dezoito ou vinte homens. Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas”.

Grupo de crianças Yanomami. (Foto: Reprodução)

Qualquer carta diferente desta, jogará o povo originário de nosso território na esteira da aceleração do genocídio. Lula criou ministério e iniciou a política de demarcação. Os donos do gado, por suas vezes, aceleraram a marcação das cartas com a mesma habilidade de quem sabe marcar seus bois. Tais cartas foram para o croupier que precisa apenas distribuí-las pautadas na total falta de honradez e caráter.

Um cassino sem fiscalização é lugar fértil para a canalhice, o crime, o genocídio institucional e toda e qualquer forma de golpe. Se não for possível enquadrar o croupier, talvez deva-se virar a mesa e reorganizar as cartas e seus jogadores.

Lira não pode ser o detentor de todas cartas, tampouco de suas regras e possibilidades. O Brasil não pode esperar que outro Cunha precise ser chamado de gangster em plena Câmara. É preciso regulamentar o “quarto poder”, enquadrar os marcadores de gado, e dar aos indígenas o que lhes é por direito.

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