Lira, o homem mais poderoso do Brasil, mantém a faca no pescoço de Lula. Por Luis F. Miguel

Atualizado em 29 de maio de 2023 às 14:08
Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Foto: Reprodução

O homem mais poderoso do Brasil tem uma trajetória de transações suspeitas, violência, oportunismo a todo custo – e nenhum compromisso com o Brasil.

Mas é ele que mantém a faca no pescoço de Lula.

Arthur Lira é parlamentar há mais de 30 anos, mas duvido que alguém lembre de algum projeto importante que ele tenha apresentado, de alguma contribuição que ele deu a algum debate.

Ele é lembrado, isso sim, pelas denúncias de participação em esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro na Assembleia Legislativa de Alagoas e depois no Congresso Nacional, pela ligação com o doleiro Alberto Yousseff, por ter sido preso por tentativa de obstrução da justiça, por suspeitas de enriquecimento ilícito. E também por sido acusado de lesão corporal por sua ex-mulher.

Sua eleição para a presidência da Câmara, em 2021, simbolizou o triunfo final da parcela mais amoral da elite parlamentar brasileira. Lira segurou Bolsonaro no cargo, a despeito de todas as suas condutas criminosas, e cobrou a fatura na forma do “orçamento secreto” – a maior farra com dinheiro público já vista na história do Brasil.

Aproveitando a fragilidade da base parlamentar do governo Lula, tem majorado o preço. O governo tem que dar cada vez mais para conseguir cada vez menos.

Permanece fiel a seus patrocinadores, blindando pautas como a “autonomia” do Banco Central e a privatização do setor elétrico. Não perde oportunidade para fustigar o governo, como na reforma dos ministérios, reafirmando seu poder. E não se furta a afagar a extrema-direita – por exemplo, classificando uma chacina cometida pela polícia do Tocantins, que terminou com 18 mortos, de “limpeza urbana”.

A política, a gente sabe, é repleta de incertezas. Mas é possível dizer, com razoável segurança, que se Lula não se desvencilhar de Lira, estará condenando seu governo ao fracasso. É preciso virar a chave e buscar formas de mobilização social que pressionem o Congresso e limitem a voracidade do Centrão.

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link
Luís Felipe Miguel
Professor de ciência política da Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do Demodê - Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades.