“Lista de Epstein”: Trump nega teoria sexual que ele mesmo espalhou e é atacado por apoiadores

Atualizado em 16 de julho de 2025 às 8:31
Donald Trump e Jeffrey Epstein com suas mulheres. Foto: reprodução

A base de apoiadores de Donald Trump nos Estados Unidos enfrenta uma crise de confiança após o Departamento de Justiça divulgar um relatório oficial desmentindo as principais teorias conspiratórias sobre a morte do financista Jeffrey Epstein. O documento, publicado no último dia 7, concluiu que Epstein cometeu suicídio na prisão em 2019 e que não existia uma “lista de clientes” que o empresário usaria para chantagear personalidades, informações que contradizem narrativas amplamente difundidas pelo próprio Trump e seus aliados nos últimos anos.

A revelação causou revolta entre segmentos do movimento MAGA (Make America Great Again), com influenciadores e figuras próximas ao presidente dos EUA acusando o governo de acobertamento. A situação expõe uma contradição inédita: teorias alimentadas por Trump agora se voltam contra sua própria administração, criando um raro momento de tensão entre o líder republicano e sua base mais fiel.

Trump e Epstein mantiveram uma relação próxima nas décadas de 1990 e 2000, frequentando os mesmos círculos sociais em Palm Beach e Nova York. Após a prisão do financista, acusado de abusar de mais de 250 meninas menores de idade, o republicano buscou distanciar sua imagem da de Epstein, ao mesmo tempo em que alimentava suspeitas sobre o caso.

Em setembro de 2024, durante entrevista ao podcast de Lex Fridman, Trump questionou: “É muito interessante, não é?”, referindo-se à ausência de uma lista de nomes ligados a Epstein. “Provavelmente essa lista será divulgada, e eu não teria problema com isso”, acrescentou, sem apresentar provas.

Antes de seu retorno à Casa Branca, Trump chegou a prometer divulgar documentos confidenciais sobre o caso caso fosse reeleito, alimentando expectativas entre seus apoiadores. A procuradora-geral Pam Bondi, aliada do presidente, reforçou as suspeitas em entrevista em fevereiro, afirmando que uma lista de clientes estava em sua “mesa para ser revisada”.

A revolta da base MAGA

O relatório do Departamento de Justiça, que confirmou o suicídio de Epstein e descartou a existência de listas criminalmente relevantes, criou uma onda de frustração entre os apoiadores mais radicais de Trump.

A ativista conservadora Laura Loomer acusou o governo de proteger poderosos em suas redes sociais, enquanto Steve Bannon, ex-estrategista de Trump, classificou o caso como uma “traição à base conservadora” em seu programa.

O influenciador Brandon Tatum foi além, afirmando que autoridades estariam “escondendo a verdade sobre Epstein”, insinuando uma conspiração que poderia envolver até figuras do círculo trumpista.

Nas redes sociais do republicano, multiplicam-se comentários de apoiadores exigindo a revelação da “verdade” sobre o caso. A situação criou um paradoxo político: teorias alimentadas pelo próprio Trump agora minam a confiança de parte de sua base no governo que ele ajudou a eleger.

No último sábado (12), Trump usou sua plataforma Truth Social para sair em defesa de Pam Bondi: “O que está acontecendo com meus ‘garotos’ e, em alguns casos, ‘garotas’?”, escreveu Trump. “Todos estão atacando a procuradora-geral Pam Bondi, que está fazendo um TRABALHO FANTÁSTICO”.

Trump pediu união entre seus apoiadores e afirmou que “não gosta do que está acontecendo”. “Temos uma administração PERFEITA, A MAIS FALADA DO MUNDO, e pessoas ‘egoístas’ estão tentando prejudicá-la por causa de um cara que nunca morre, Jeffrey Epstein”, escreveu.