Livro de Villas Bôas mostra como ele é limitado intelectualmente. Por Luis F. Miguel

Atualizado em 6 de agosto de 2021 às 9:47
General Villas Bôas

Publicado originalmente no Facebook do autor:

Por Luis Felipe Miguel

Uma noite destas eu li o livro do general Villas Bôas – pulando, porque é chato demais.

Fiquei impressionado de ver como ele é limitado intelectualmente, tacanho mesmo.

Está lá, como todo mundo sabe, a história do tuíte. O interessante é ele justificar dizendo que havia “grupos” (quais seriam?) pedindo uma intervenção militar caso Lula fosse solto, então era melhor “prevenir”.

Em suma: para não haver intervenção militar, os militares intervêm…

As obsessões de Villas Bôas são o “politicamente correto”, causa de todos os males do mundo, e a Comissão da Verdade, que surge no livro como a causa primordial do apoio dos militares ao golpe contra Dilma.

Tudo apresentado num tom grandiloquente que só ressalta o primarismo do que está sendo dito.

E agora eu descubro que li o livro inteiro achando que era a entrevista de um general, mas na verdade era de um marechal.

Villas Bôas integra a lista de mais de duzentos oficiais-generais de pijama, das três armas, que ganharam a promoção ilegal.

Na hierarquia militar brasileira, o posto de marechal (ou equivalente das outras armas) só pode ser ocupado em caso de guerra. Mas parece que uma mutreta de Bolsonaro abriu a porteira em 2019.

Que a coisa é suja fica óbvio quanto se percebe que os “promovidos” não usam a nova patente e fingem por aí que continuam como generais-de-exército, almirantes-de-esquadra ou tenentes-brigadeiros.

A mutreta beneficia também quase 4 mil pensionistas das Forças Armadas. Pelo jeito, os mortos também foram promovidos.

E esta é apenas uma das muitas vantagens estranhas que os militares têm obtido nos últimos tempos.

São umas saúvas. A vontade de garantir privilégios, a avidez por cargos e oportunidades de negócios, a preocupação exclusiva com as próprias benesses e que se dane o país – isto explica muito mais o comportamento político deles do que suas convicções direitistas.

Não querem democracia porque não gostam de povo, é verdade. Mas ainda mais porque num ambiente democrático estas manobras são mais difíceis de serem perpetradas.