Livro revela que Bolsonaro praticou obstrução da justiça no caso Queiroz. Por Fernando Brito

Atualizado em 14 de janeiro de 2020 às 7:56
Livro revela ‘podres’ de Bolsonaro dos quais todos já haviam sentido o cheiro. Foto: Reprodução/Tijolaço

Publicado originalmente no blog Tijolaço

POR FERNANDO BRITO

Neste período em que a política está mais parada que os pedidos de aposentadoria ao INSS, as revelações do livro Tormenta, da jornalista Thaís Oyama, que estão sendo antecipadas, a conta-gotas, pela revista Época só não são mais escandalosas porque, afinal, toos já desconfiavam que tivessem ocorrido de forma bem próxima à que ela situa no texto.

A primeira – e mais grave – a de que Jair Bolsonaro praticou obstrução da Justiça ao orientar o que deveria ser o depoimento do ex-assessor Fabrício Queiroz sobre o caso das “rachadinhas”, calando-se sobre quase tudo – sob a alegação que seus advogados deveriam ter acesso à investigação, antes – mas abrindo a boca apenas para negar qualquer envolvimento da família presidencial no caso.

Ninguém, nem a velhinha de Taubaté, acredita que Queiroz está vivendo semiclandestino em São Paulo e pagando do bolso(naro?) o caro tratamento de câncer no Hospital Albert Einstein, mantendo toda a família submersa e calada.

A segunda é a “quase demissão” de Sérgio Moro, por este ter tentado colocar areia na suspensão da investigação sobre Flávio Bolsonaro.

Pode ter havido a vontade, até o ensaio do rompante, mas não há esta possibilidade.

Bolsonaro e Moro são o que em biologia chamar-se-ia “mutualismo obrigatório, uma forma de interdependência fisiológica necessária”, da qual a separação “pode acarretar um desequilíbrio metabólico em ambas espécies ou levá-las a morte súbita”, como já tratei aqui há vários meses.

Jair Bolsonaro sabe que depende de Moro para ornar seu suposto (ponha suposto nisso) moralismo e Sérgio Moro sabe que, sem poder, vai dar meia-dúzia de palestras, abrir um escritório de lobby, digo, de advocacia e mais nada.

Pior, perderá grande parte da cobertura com que conta nos meios jurídicos para que “não venha ao caso” o lote e arbitrariedades que contém sua atuação na Lava Jato.

O resto, das peripécias nomeativas e da ciclotimia de Carluxo, também era sabido. E se não fosse, a postagem desta noite, explorando a imagem do filho da Gretchen na maternidade, bastaria para mostrar que se está diante de um caso patológico.