
O velório de Lô Borges, realizado nesta terça (4) no Palácio das Artes, em Belo Horizonte (MG), reuniu familiares, amigos e fãs do músico. O irmão mais próximo do artista, Yé Borges, afirmou que Lô tinha uma agenda cheia de apresentações e planejava lançar novos discos nos próximos meses.
“Ele estava surpreso e não esperava estar na situação em que se encontrava, foi uma decepção muito grande. Ele tinha projetos, show marcado com o Zeca Baleiro no Recife”, contou. Lô Borges morreu no domingo (2), aos 73 anos, em decorrência de falência de múltiplos órgãos após uma intoxicação medicamentosa.
O cantor e compositor estava internado desde 17 de outubro no hospital Unimed, em Belo Horizonte. Segundo o irmão, ele era alérgico a diversos medicamentos. “O Lô era um cara muito alérgico, não podia nem passar perto de dipirona. Ele tomava remédios com prescrição, mas passou mal numa noite e vomitou”, disse em entrevista à rádio Itatiaia.
Yé revelou ainda que Lô deixará uma grande herança musical. “Ele compunha compulsivamente e ainda tem quatro discos prontos que estavam para serem lançados. Eles vão ser lançados, têm que ser lançados, porque essa obra não pode ficar engavetada. Tem coisas geniais que ele fez”, completou. O irmão descreveu o compositor como alguém inquieto e incansável, que viveu intensamente a música até o fim.

O baixista Thiago Corrêa, integrante da banda de Lô, definiu o parceiro como uma “mente inquieta” e afirmou que o artista produzia mais do que o mercado conseguia absorver. “Ele foi produzindo mais discos do que conseguia lançar na realidade do mercado. Ele lançou um por ano, mas gravou dez discos para a gente”, disse. Corrêa destacou que ainda não há decisão sobre como será feita a divulgação dessas obras inéditas.
Durante a cerimônia, o cantor Zeca Baleiro lamentou a perda e destacou a importância de Lô para a música brasileira: “Me sinto presenteado pelos céus por ter sido o último parceiro do Lô, ainda que isso tenha uma dose de tristeza. “Ele inventou um jeito de fazer música. A partida dele representa o fim de uma linhagem, essa herança beatle misturada com o barroco mineiro”.
Nascido em 10 de janeiro de 1952, em Belo Horizonte, Salomão Borges Filho cresceu em uma família numerosa e musical. Ainda adolescente, passou a frequentar rodas de violão no bairro Santa Tereza, onde se reunia com amigos para tocar Beatles. Essas reuniões foram o embrião do movimento que marcaria a história da música brasileira: o Clube da Esquina.