Lobby na Câmara: como deputados articulam para soltar Chiquinho Brazão

Atualizado em 10 de abril de 2024 às 12:14
Chiquinho Brazão. Foto: reprodução

Na iminência da decisão da Câmara dos Deputados sobre a manutenção ou suspensão da prisão do deputado federal Chiquinho Brazão, acusado de suposto envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco, cresce o lobby pela libertação do parlamentar, conforme informações da colunista Malu Gaspar, do Globo.

Segundo Darci de Matos, relator do caso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que já votou para manter Brazão na cadeia, “até alguns dias atrás, eu diria que o meu relatório passaria com tranquilidade. Agora, está mais difícil. Os deputados parecem muito divididos”.

Embora Matos não tenha mencionado o responsável pela mudança de cenário na Câmara, há um consenso entre os deputados de que o ex-deputado Eduardo Cunha lidera o movimento pró-Brazão na Casa, mesmo após sua cassação em 2016.

Vale destacar que Eduardo Cunha, mesmo inelegível até 2027, mantém uma presença ativa em Brasília. Ele frequenta a Câmara e utiliza o gabinete de sua filha, a deputada federal Dani Cunha, para conduzir suas atividades.

Nos últimos dias, ele tem trabalhado para persuadir líderes partidários de que manter Brazão detido seria uma interferência indevida do Supremo Tribunal Federal (STF) nas prerrogativas do Legislativo.

Eduardo Cunha (PRD-SP). Foto: reprodução

Cunha tem argumentado que a decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes, que ordenou a prisão de Brazão, carece de fundamentação. Ele também contesta a falta de evidências apresentadas pelo delator Ronnie Lessa, que implicou Brazão no crime.

O ex-presidente da Câmara tem obtido êxito ao disseminar essas teses entre líderes e parlamentares, inclusive de partidos de direita, que agora reiteram esses argumentos em suas bancadas, mesmo após se mostrarem inicialmente inclinados a votar pela manutenção da prisão de Brazão.

Com a votação iminente, deputados favoráveis e contrários à soltura de Brazão mencionam Cunha em suas discussões como forma de embasar ou desacreditar os argumentos. A votação, que requer a maioria absoluta de 257 votos, está agendada para esta quarta-feira, começando pela Comissão de Constituição e Justiça.

Caso o lobby de Cunha obtenha sucesso, uma estratégia possível para evitar o desgaste político seria a ausência estratégica de deputados favoráveis a Brazão durante a votação, garantindo assim a falta de quórum necessário para manter a prisão do deputado, resultando automaticamente em sua libertação.

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