Publicado no Balaio do Kotscho
POR RICARDO KOTSCHO
Vamos falar a verdade como ela é: nos últimos dias, o capitão Bolsonaro perdeu completamente a compostura e está fazendo papel de palhaço, ridicularizando o papel de presidente da República.
Nem se trata de seguir a liturgia do cargo, como pregava o ex-presidente José Sarney, mas apenas de um mínimo de decoro e respeito ao cargo que ocupa.
Como se fosse um torcedor qualquer que rompeu o cordão de segurança, na noite de terça-feira Bolsonaro apareceu dando a volta olímpica no Mineirão, acenando com uma bandeira do Brasil.
Parecia aquela Janaína Pascoal, advogada do impeachment que se elegeu deputada pelo PFL, rodopiando com a bandeira num palco armado em frente à Faculdade de Direito da USP, feito uma pomba gira, pouco antes do golpe de 2016.
Quando a votação da reforma da Previdência já se encaminhava para uma votação favorável ao governo na CCJ da Câmara, na quarta-feira, o presidente irrompeu nas negociações para defender privilégios na aposentadoria de policiais.
No papel de lobista de uma categoria que fez campanha para ele no ano passado, em quartéis, delegacias e redes sociais, Bolsonaro estava apenas retribuindo o apoio recebido, como se isso fosse normal para um presidente da República, que deveria governar para todos os brasileiros.
Com seu gesto, ele jogou no lixo a propaganda do seu próprio governo que fala em “aposentadoria igual para todos”.
No mesmo dia, o presidente ainda encontrou tempo para ir à festa do 4 de Julho na embaixada dos Estados Unidos, uma comemoração da independência americana reservada para diplomatas.
Não contente com a sabujice – foi o primeiro presidente brasileiro a fazer isso – ainda posou para fotos, enfiando a cara numa roupa de astronauta americano, como criança que vai à Disney ver o Mickey.
A seu lado, o abobalhado “astronauta” brasileiro Marcos Pontes, que ocupa o cargo de ministro, também sorria feliz da vida com o momento histórico.
Ao som de “Born in the USA” e fazendo sinal de arminha com a mão, Jair Bolsonaro subiu ao palco para fazer um discurso que envergonharia o mais capacho dos diplomatas brasileiros, menos o chanceler Ernesto Araújo.
Obcecado pela Venezuela, assim como seu êmulo Donald Trump, o capitão fez um discurso sem nexo para dizer que está ao lado dos Estados Unidos contra o país vizinho.
“Queremos que outros países enveredem para esse lado. Devemos lutar pela nossa liberdade. Todos temos que ter alguém muito forte ao seu lado”.
Desde quando a nossa liberdade está ameaçada pela Venezuela? Chamar “alguém muito forte” para combater ao seu lado mostra apenas a fraqueza de Bolsonaro, que cada vez se agacha mais na reverência aos americanos.
Depois de entregar a Base de Alcântara aos Estados Unidos, em março, e a Embraer à Boeing, bater continência para a bandeira americana e isentar de vistos os turistas daquele país, sem reciprocidade aos brasileiros, Bolsonaro teve a coragem de dizer que “o nosso governo veio para deixar de lado o viés ideológico”.
Se não fosse por mil outros motivos, o deslumbrado capitão deveria ser cassado por falta de decoro no exercício da função.
Vida que segue.
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