
É preciso muito estômago para assistir à entrevista do Danilo Gentili com a candidata do
PSOL Luciana Genro.
Mesmo antes de Luciana aparecer já é um tanto difícil suportar a profunda vergonha alheia pelas piadas idiotas, comentários machistas e bizarrices em geral do apresentador e seus amigos – entre eles Roger, ex-Ultraje a Rigor.
Com Luciana, Gentili e companhia atingem níveis ainda mais insalubres e sua própria plateia não resiste.
Luciana manda Gentili estudar, e o público solta um “uhul”, que faz crescer a esperança. Talvez Gentili seja pior do que seus fãs.
É parte de um modelo de televisão que trata o telespectador como um completo imbecil.
“Homer Simpson”, na definição de William Bonner.
As respostas de Luciana, porém, foram didáticas o suficiente mesmo para que o mais obtuso dos interlocutores entendesse.
Mas Gentili e Roger não poderiam entender.
Ou não poderiam jamais demonstrar que entenderam.
Luciana falava do imposto sobre grandes fortunas, da desigualdade e dos problemas do capitalismo, enquanto era associada a ditaduras comunistas, de Camboja a Coréia do Norte.
Falava sobre descriminalização das drogas e era questionada se é usuária.
Mas ainda assim conseguiu demonstrar bastante sangue frio e talvez o único momento em que deixou a desejar foi na resposta em relação aos Black Blocs.
Quando um dos amigos de Gentili pergunta por que o PSOL apoia os Black Blocs e diz que várias “reportagens comprovam isso”, Luciana poderia ter lembrado aquela célebre do estagiário do advogado que diz que o ativista afirmou, publicada pela Globo, e falar um pouco sobre suas propostas para quebrar os monopólios da mídia.
Preferiu apenas desmentir o interlocutor.
O que, aliás, fez a entrevista inteira.
E Gentili guardou o pior para o final.
Seu comentário de que Luciana pedir votos é uma piada foi de uma grosseria que quase a fez chorar.
Os olhos da candidata parecem encher de lágrimas, mas ela não derrama nenhuma.
Luciana não é Marina para se fazer de coitadinha.
Respira fundo e segue em frete.
Sabe que o coitado é Danilo Gentili.
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