
O presidente Lula anunciou, nesta quarta (17), que o Brasil não mais apoiará o acordo entre o Mercosul e a União Europeia se a votação não for concluída a tempo para a assinatura prevista para sábado (20) em Foz do Iguaçu. O petista afirmou estar ciente de que os europeus não conseguirão aprovar o tratado a tempo da data estabelecida.
Ele afirmou que, caso o acordo não seja ratificado agora, o Brasil não fará mais pactos enquanto ele for presidente. “Fazem 26 anos que a gente espera esse acordo. É mais favorável para eles [europeus] do que para nós”, disse Lula.
A declaração ocorreu em meio à resistência de países europeus, especialmente da Itália. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, anunciou que considera “prematuro” para a União Europeia assinar o acordo com o Mercosul. Ela informou que não dará seu aval na votação agendada para quinta (18) ou sexta (19), o que coloca em risco a aprovação do tratado no Conselho Europeu.
O principal ponto de disputa neste momento é a parte comercial do acordo, que foi separada dos outros elementos do tratado para facilitar a aprovação. O apoio de Meloni e a oposição da França aumentam a probabilidade de o acordo ser rejeitado, o que adiaria ainda mais a assinatura.

A adesão da Itália ao movimento liderado pela França contra o acordo fortalece a oposição ao pacto, já que atinge os requisitos necessários para uma minoria de bloqueio na União Europeia. A Polônia e a Hungria já declararam suas intenções de votar contra o tratado.
O Conselho Europeu pode optar por adiar a decisão final sobre o acordo. A Dinamarca, que atualmente preside a União Europeia, pode retirar o tema da pauta para evitar uma possível rejeição do acordo pelos países contrários.
O Brasil há mais de duas décadas busca uma parceria comercial vantajosa com o bloco de países. A rejeição do tratado também prejudicaria as negociações do Mercosul, que depende de um acordo para ampliar o acesso ao mercado europeu.