Lula chama tarifaço de “insensatez” e diz que não vai “ficar chorando” pelos EUA

Atualizado em 14 de agosto de 2025 às 18:52
Os presidentes do Brasil, Lula, e dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar nesta quinta-feira (14) as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros.

Durante evento em Goiana, Pernambuco, Lula afirmou que não ficará “chorando” caso os norte-americanos deixem de comprar do Brasil e que buscará outros mercados. Ele citou países como China, Índia, Rússia e Alemanha como destinos potenciais e destacou que, nos últimos dois anos e meio, o Brasil abriu 400 mercados, incluindo a recente venda de carne e miúdos para as Filipinas.

Lula classificou o tarifaço como “uma insensatez com o Brasil”, lembrando a relação diplomática de mais de 200 anos entre os dois países. Ele reforçou que o governo brasileiro está disposto a negociar, citando ministros como Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio), Fernando Haddad (Fazenda), Carlos Fávaro (Agricultura) e Mauro Vieira (Relações Exteriores) como parte da equipe pronta para dialogar com Washington.

O presidente também criticou declarações recentes de Trump, que chamou o Brasil de parceiro comercial ruim e acusou o país de executar politicamente o ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula rebateu dizendo que os EUA tiveram superávit comercial com o Brasil e acusou Trump de mentir. “Este país não quer guerra, nós somos da paz. Mas não mexa com a gente, porque nós temos sangue pernambucano”, afirmou.

Lula disse tratar todos os países de forma igual e rechaçou o comportamento de quem, segundo ele, “fala fino com os americanos e grosso com a Bolívia”. O presidente afirmou que defende a mesma postura firme tanto com potências econômicas quanto com nações vizinhas, ressaltando que o respeito ao povo brasileiro é prioridade nas relações internacionais.

O evento marcou a inauguração da nova Fábrica de Hemoderivados da Hemobrás, que contou com investimento de R$ 1,9 bilhão. A planta vai produzir medicamentos de alto custo a partir de plasma humano, como Albumina, Imunoglobulina e Fatores de Coagulação VIII e IX, usados em tratamentos de pacientes de UTI, queimados graves, hemofilia e doenças raras.

Ainda nesta quinta-feira, Lula cumpriria outras agendas em Pernambuco, incluindo a visita a um hospital particular no Recife e a entrega de títulos de regularização fundiária no bairro de Brasília Teimosa. As atividades integram a estratégia do governo de manter presença nos estados enquanto enfrenta tensões no cenário internacional provocadas pelas medidas comerciais dos EUA.