Lula critica ações militares dos EUA na América Latina: “intervenções ilegais”

Atualizado em 9 de novembro de 2025 às 15:42
Presidente Lula fez discurdo de abertura da Cúpula Celac-UE
Foto: Reprodução/YouTube/Canal Gov

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, neste domingo (9), o uso da força militar no Caribe e na costa venezuelana e disse se tratar de violações do direito internacional. Sem citar diretamente os Estados Unidos, ele declarou que “velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais”. Ele participa da 4ª Cúpula entre a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia (UE), que ocorre em Santa Marta, na Colômbia.

“Somos uma região de paz e queremos permanecer em paz. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional”, declarou o presidente brasileiro, que já havia manifestado interesse em debater o tema na cúpula.

“A democracia também sucumbe quando o crime corrompe as instituições, esvazia os espaços públicos e destrói famílias e desestrutura negócios. A segurança é um dever do Estado e um direito humano fundamental.”

Lula defendeu ações coordenadas, intercâmbio de informações e operações conjuntas para combater o crime organizado. “Foi com esse objetivo que renovamos o comando tripartite da tríplice fronteira com a Argentina e o Paraguai.

Em Manaus, estabelecemos o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, reunindo nove países sul-americanos”, destacou. Para o presidente, essas plataformas permanentes de cooperação são fundamentais para combater crimes financeiros e o tráfico de drogas, de armas e de pessoas.

“Ritual vazio”

Em uma crítica ao momento político da região, Lula disse que há uma crise no projeto de integração. “Voltamos a ser uma região balcanizada e dividida, mais voltada para fora do que para si própria.

A intolerância ganha força e vem impedindo que diferentes pontos de vista possam se sentar à mesma mesa. Voltamos a conviver com as ameaças do extremismo político, da manipulação da informação e do crime organizado”, avalia.

Lula chamou as reuniões entre líderes de “ritual vazio”, tendo em vista ausências dos principais líderes regionais. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, cancelou a participação na cúpula da Celac-UE de última hora, assim como o presidente uruguaio, Yamandú Orsi.

“Estamos deixando de cultivar nossa vocação de cooperação e permitindo que conflitos e disputas ideológicas se imponham. Como resultado, vivemos de reunião e reunião repleta de ideias e iniciativas que muitas vezes não saem do papel”, criticou.

Lula reforçou o papel da Conferência das Partes (COP) na Amazônia, indicando ser uma oportunidade “para a América Latina e o Caribe mostrarem ao mundo que conservar as florestas é cuidar do futuro do planeta”. Ele defendeu o Fundo Florestas Tropicais para Sempre como estratégia para que as “florestas valham mais em pé do que derrubadas”.

O presidente disse ainda esperar a assinatura do acordo Mercosul e União Europeia para dezembro deste ano. “Espero que os dois blocos possam finalmente dizer sim para um comércio internacional baseado em regras como resposta ao unilateralismo.”

A medida cria uma das maiores áreas de livre comércio do mundo, formando um mercado de 718 milhões de pessoas e um PIB de 22 trilhões de dólares.