Durante reunião ministerial nesta terça (26), o presidente Lula cobrou fidelidade de ministros ligados ao Centrão, em especial de integrantes do União Brasil e do PP. O petista sugeriu que, caso não se sintam à vontade para defender seu governo, os ministros podem deixar os cargos.
Segundo a Folha de S. Paulo, Lula afirmou que não pretende constranger ninguém, mas também não deseja ser surpreendido por atitudes de aliados que participem de eventos ou manifestações críticas à gestão.
O presidente disse que manteria amizade com os ministros, independentemente da decisão, mas que espera clareza de posicionamento. A fala faz referência direta ao ato de homologação da federação entre União Brasil e PP, que contou com críticas ao governo e a presença de ministros de sua base.
O petista disse que esperava uma postura diferente dos ocupantes de cargos no governo: que eles levantassem a mão para defender a gestão ou assumissem que não têm condições de continuar no Palácio do Planalto.
Lula também mencionou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que participou do evento da federação. Ele afirmou acreditar que o bolsonarista disputará a Presidência em 2026 e que, em algum momento, ministros filiados ao Republicanos terão que decidir se permanecem no governo ou seguem alinhados ao partido.
De acordo com relatos de pessoas que participaram da reunião, Lula olhou diretamente para o ministro Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), licenciado do Republicanos, ao fazer essa colocação. O presidente ressaltou que não pedirá a saída de ninguém, mas espera que cada um tenha consciência do papel que ocupa no governo.
Nas falas mais incisivas, Lula disse que não tem interesse em manter proximidade com Antonio Rueda, presidente do União Brasil, e lembrou que a relação entre ambos sempre foi tensa. Ele citou ainda o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro de Jair Bolsonaro, e destacou que o parlamentar enfrenta dificuldades para se reeleger ao Senado.
Lula reforçou que foi eleito sem depender do Centrão e que continua confiante, destacando entregas realizadas pelo governo. Após a reunião, os ministros Celso Sabino (Turismo) e André Fufuca (Esporte), ambos do grupo político, conversaram reservadamente com o presidente, em um gesto de tentativa de alinhamento.