A operação de desmonte do acampamento golpista em frente ao quartel-general, em Brasília, pelo Exército, teve o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) somente no dia seguinte à invasão às sedes dos três Poderes.
De acordo com informações da Folha de S.Paulo, a anuência presidencial foi dada após integrantes da Força afirmarem ao presidente petista que a operação para desmonte do acampamento feito pela PM durante a noite da invasão poderia resultar em conflito e mortes, uma vez que não teve qualquer tipo de planejamento prévio.
O desejo do chefe do Executivo era de que os simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fossem presos ainda durante aquela noite. No entanto, Lula concordou com o adiamento diante do risco de uma tragédia, assim como descreveu os militares.
Diante disso, o mandatário pediu que as forças de segurança discutissem as possibilidades colocadas à mesa. Vale destacar que o aval do petista foi dado ao general Gustavo Henrique Dutra, comandante militar do Planalto, durante reunião do oficial com o interventor na segurança do Distrito Federal, Ricardo Cappelli.
Assim, a Polícia Militar do DF e a Polícia do Exército realizaram a operação para o desmonte do acampamento e efetuaram a prisão de cerca de 1.200 bolsonaristas na segunda-feira (9). Logo em seguida, os apoiadores do ex-capitão foram conduzidos Academia Nacional da Polícia Federal, onde ficaram detidos.
Ainda segundo a Folha, após a conversa entre Lula e o general Dutra, que ocorreu por volta de 21h, os ministros José Múcio Monteiro (Defesa), Rui Costa (Casa Civil) e Flávio Dino foram ao Comando Militar do Planalto para discutir o assunto.
No local também estavam presentes o general Dutra e o ex-comandante do Exército Júlio César de Arruda, demitido pela forma que conduziu a crise desencadeada em 8 de janeiro. Participantes descreveram a reunião como tensa e de divergências entre integrantes do governo.