Lula confirma reunião com Trump e diz que vai discutir tarifas, STF e Venezuela

Atualizado em 24 de outubro de 2025 às 7:59
Presidente Lula, durante coletiva em Djakarta, capital da Indonésia. Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tratou como certa a reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prevista para domingo (26) na Malásia. Em coletiva concedida nesta sexta-feira (24) em Jacarta, Indonésia, o petista afirmou que o encontro é esperado “há algum tempo” e que o Brasil sempre esteve aberto ao diálogo com Washington.

Segundo Lula, não há temas vetados para a conversa. Ele pretende discutir o comércio bilateral, as tarifas impostas pelos EUA a produtos brasileiros e as punições aplicadas a ministros do Supremo Tribunal Federal. “Tenho todo interesse nessa reunião, mostrar que houve equívoco nas taxações, mostrar com números”, declarou.

O presidente disse acreditar na importância do contato pessoal com Trump. “Relação humana é química. Olho no olho, pegar na mão, abraçar a pessoa. Digitalmente não é a mesma coisa”, afirmou. Lula reforçou que a aproximação entre os dois países deve ocorrer de forma “livre, sem assunto proibido”.

Além de temas comerciais, o presidente afirmou que pretende abordar a questão do narcotráfico e os recentes ataques militares dos EUA à Venezuela. “Se o mundo virar uma terra sem lei, vai ficar muito difícil”, disse o presidente, acrescentando que não concorda com intervenções em outros países sob a justificativa de combate às drogas.

Durante a viagem, Lula participa da Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que reúne líderes de dez países da região. O evento discute cooperação econômica e estabilidade regional, com destaque para as relações entre América Latina e Ásia.

Lula afirmou ainda que o Brasil quer mostrar ao mundo que é uma potência em energia limpa. Segundo ele, o país tem “gasolina e diesel mais puros que os outros” e pretende usar os recursos do petróleo para acelerar a transição energética.

Sobre a perfuração da Petrobras na Foz do Amazonas, o presidente disse que o processo ainda é uma pesquisa e que a estatal tem “histórico de competência” e capacidade técnica para atuar sem riscos ambientais. “A Petrobras está deixando de ser uma empresa de petróleo para ser uma empresa de energia”, completou.

Lula encerra a agenda na Malásia antes de retornar ao Brasil. A reunião com Trump, se confirmada, deve marcar a retomada do diálogo direto entre os dois líderes desde a posse do republicano, em janeiro de 2025.