Lula critica gasto militar da OTAN na cúpula do Brics: “Mais fácil financiar guerra”

Atualizado em 6 de julho de 2025 às 12:37
O presidente Lula neste domingo (6), à 16ª Cúpula de Líderes do Brics, no Museu de Arte Moderna – MAM (RJ). Foto: Divulgação

Na manhã deste domingo (6), durante a sessão sobre paz, segurança e reforma da governança global na cúpula do Brics, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o alto investimento global em armamentos. O encontro ocorreu no Rio de Janeiro e reuniu chefes de Estado e representantes dos países membros do grupo.

Lula apontou a decisão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de destinar 5% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países à área militar como um fator que impulsiona a corrida armamentista. Segundo ele, essa alocação de recursos demonstra prioridades equivocadas diante das necessidades sociais e ambientais globais.

O presidente ressaltou que, enquanto é mais fácil investir em defesa, os países não cumprem a promessa de aplicar 0,7% do PIB em Assistência Oficial ao Desenvolvimento. Para o presidente, isso evidencia que há recursos para cumprir a Agenda 2030 da ONU, mas falta vontade política para direcioná-los a ações voltadas à paz e ao bem-estar coletivo.

Durante o discurso, o líder brasileiro também criticou a atuação do Conselho de Segurança da ONU. Ele afirmou que o órgão perdeu credibilidade e relevância ao se mostrar incapaz de mediar conflitos e ser frequentemente ignorado antes do início de ofensivas militares.

Lula destacou que as reuniões do Conselho se tornaram previsíveis e ineficazes, limitadas a discursos repetitivos que justificam intervenções consideradas ilegais. Para ele, esse comportamento contribui para a instabilidade global e enfraquece os mecanismos multilaterais de resolução de crises.

Outro ponto abordado foi a atuação da Agência Internacional de Energia Atômica. O chefe do executivo demonstrou preocupação com a possibilidade de o órgão estar sendo utilizado de forma política, o que, segundo ele, compromete sua credibilidade e ameaça os esforços diplomáticos para garantir a segurança nuclear.

Ele comparou essa situação à que envolveu, no passado, a Organização para a Proibição de Armas Químicas, também acusada de ter seus trabalhos manipulados. Para Lula, o risco de uma catástrofe nuclear voltou a fazer parte da agenda cotidiana, exigindo atenção urgente da comunidade internacional.

Ao encerrar sua fala, Lula reforçou o apelo por uma reforma na governança global e maior compromisso com a paz, ressaltando a necessidade de fortalecer instituições internacionais que atuem com independência e legitimidade na prevenção de conflitos.

Veja trecho da fala do presidente:

Lindiane Seno
Lindiane é advogada e moderadora das lives no DCM.