Lula deve ser solto após julgamento histórico do STF, mas ainda não se fez justiça ao ex-presidente. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 8 de novembro de 2019 às 1:13
Lula, no dia em que foi preso

Em sessão histórica, o Supremo Tribunal Federal decidiu hoje, por 6 votos 5, que é constitucional o artigo 283 do Código de Processo Penal.

Ou seja, todos as pessoas que estão presas hoje por decisão de segunda instância devem ser colocadas em liberdade, entre elas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com o Conselho Nacional de Justiça, cerca de 4,8 mil pessoas estão presas nesta condição.

No voto decisivo, Dias Toffoli entendeu que a prisão não afeta uma cláusula da Constituição, mas não pode ocorrer, já que o

Toffoli abriu a porta para que o Congresso Nacional aprove uma lei que altere o Código 283.

A defesa de Lula deve pedir imediatamente a libertação do ex-presidente. Advogados de outros réus, bem como as defensorias públicas, devem fazer o mesmo.

No caso de Lula, a liberdade não representa justiça.

A defesa do ex-presidente já pediu urgência no julgamento do HC sobre a parcialidade de Sergio Moro, na segunda turma do STF. Esse julgamento começou em dezembro do ano passado e já teve dois votos contrários, o de Edson Fachin e o de Carmem Lúcia.

Os três ministros que ainda não votaram, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello, já se manifestaram, em outros julgamentos, de maneira a considerar que atitudes como a de Sergio Moro — que autorizou até a interceptação telefônica dos advogados de Lula — caracterizam parcialidade.

Gilmar Mendes está de posse do HC, uma vez que pediu vistas da ação. Ele disse que deve devolver o processo para julgamento ainda neste mês de novembro.

Caso isso isso ocorra, e com julgamento favorável à concessão do HC, a condenação de Lula deve ser anulada. Em consequência, ele recuperará os seus direitos políticos.

O processo contra Lula voltaria à fase da apresentação da denúncia pelo Ministério Público.

O STF deu um passo importante para a resgate da Constituição no Brasil e para o restabelecimento da democracia plena.

Lula, por conta da condenação aplicada por Sergio Moro e confirmada pelo TRF-4, não pode disputar a eleição presidencial em 2018 — segundo as pesquisas, ele era favorito para vencê-las.

Sem Lula, abriu-se caminho para a eleição de Jair Bolsonaro.

Foi um erro que não poderá ser corrigido imediatamente, mas já se vê uma luz no fim do túnel.

Joaquim de Carvalho
Jornalista, com passagem pela Veja, Jornal Nacional, entre outros. joaquimgilfilho@gmail.com