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Lula deveria ter ‘reconhecimento positivo’ por falar da Ucrânia, diz professor de Manchester

Ex-presidente Lula
Foto: Ricardo Stuckert

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu críticas, tanto no Brasil como fora, por suas declarações sobre a guerra na Ucrânia. Para o professor da Universidade de Manchester, Chris Thornhill, colunista convidado do UOL, em vez de receber condenações, Lula deveria receber “reconhecimento positivo por expressar uma resposta ao conflito que revela que políticos com claras credenciais internacionais na promoção da democracia são capazes de refletir criticamente sobre a posição ocidental hegemônica em relação ao conflito militar”.

Thornhill diz que as opiniões de Lula são um sinal bem-vindo de que “políticos com uma forte história de comprometimento e aprimoramento democrático” podem ter opiniões que não sejam as mesmas das opiniões que adquiriram o status de doutrina global.

Segundo ele, em dois pontos a análise de Lula se mostra inteiramente razoável: “a guerra na Ucrânia foi parcialmente causada pelas políticas do governo ucraniano em relação à Otan”, operando em um ambiente de segurança sensível, em que as atividades da Otan podem induzir extrema incerteza, as políticas do presidente ucraniano e as da própria organização ocidental demonstram uma falta de responsabilidade.

Em segundo lugar, o professor diz que Lula se justifica ao sugerir que a posição ocidental deu origem a políticas que podem “desencadear uma escalada do conflito e enfraquecer as condições prévias para as negociações de paz”.

“De fato, em alguns casos, a posição ocidental parece demonstrar cada vez mais a vontade de explorar o conflito para fins de publicidade interna e autolegitimação. Agora é difícil contestar que a guerra na Ucrânia se tornou uma guerra por procuração, na qual alguns governos ocidentais, com poucos custos imediatos em termos de seus próprios soldados, estão engajados por razões determinadas por seus interesses estratégicos, tanto internacionais quanto domésticos”, afirma Thornhill.

De acordo com ele, para as potências ocidentais envolvidas no conflito, a negociação de um acordo de paz pode assumir uma posição contingente e pode depender de considerações que são externas à guerra.

“Uma guerra envolvendo baixos danos colaterais ajuda em tais circunstâncias e alguns governos ocidentais, ou pelo menos alguns membros de alguns governos ocidentais, têm muito a ganhar com uma guerra prolongada”, diz.

Assim, para o professor da Universidade de Manchester, as intervenções de Lula devem ser recebidas como contribuições válidas para a análise do que, segundo ele, talvez seja o problema mais urgente no mundo de hoje. “Um ambiente de segurança internacional no qual tais reivindicações são simplesmente marginalizadas está, por si só, implicado de forma causal na perpetuação do conflito”, afirma.

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