
A conversa entre Lula e Donald Trump, ocorrida nesta segunda (6), causou irritação entre aliados de Jair Bolsonaro. Parlamentares e apoiadores do ex-presidente interpretaram o contato direto entre os dois líderes como um “bypass” em Eduardo Bolsonaro, que vive há 8 meses nos Estados Unidos e ainda não conseguiu uma reunião com o americano.
Segundo a coluna de Bela Megale no jornal O Globo, o último encontro entre Eduardo e Trump ocorreu em fevereiro, durante a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC). Na ocasião, o republicano chamou o deputado de “amigo” e enviou um cumprimento a Bolsonaro.
Desde então, porém, o deputado só tem se reunido com figuras ligadas à gestão Trump, e não com o próprio chefe de Estado. Bolsonaristas afirmam que Lula “roubou” de Bolsonaro o elogio de “homem bom”, expressão que Trump costumava usar para se referir ao ex-presidente brasileiro.
Segundo esse grupo, o gesto de Trump com Lula representa uma derrota simbólica para o bolsonarismo, que sempre cultivou proximidade com o líder americano. Entre as críticas a Eduardo, aliados dizem que o deputado erra ao atuar de forma isolada com o ex-comentarista da Jovem Pan, Paulo Figueiredo, concentrando esforços em temas como sanções contra autoridades brasileiras e defesa de anistia para o pai.

Eles avaliam que Eduardo deveria buscar apoio político e empresarial nos Estados Unidos e se envolver em pautas econômicas, como a negociação das tarifas impostas por Trump aos produtos brasileiros. Um aliado do ex-presidente acredita que Lula furou o monopólio de comunicação com o presidente americano e que o deputado foi o mais prejudicado.
Apesar disso, pessoas próximas ao deputado tentam minimizar o episódio e sustentam que o governo americano deverá condicionar qualquer redução tarifária a uma anistia ampla a investigados por atos golpistas no Brasil.
O grupo ligado a Eduardo vê como positiva a escolha de Marco Rubio, secretário de Estado americano, para conduzir as negociações com o governo brasileiro. Os bolsonaristas acreditam que o aliado de Trump vai gerar um “freio” na aproximação política entre os presidentes.
Questionado sobre o telefonema, Eduardo Bolsonaro disse à coluna que “achou ótima a escolha” de Rubio e declarou confiar no secretário de Estado. “Ele não cairá em conversa mole”, afirmou o deputado.