Foto: Reprodução
Ao cruzar dados sobre quem os brasileiros consideram mais apto para resolver os principais problemas do país com os números das intenções de voto, a mais recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta sexta-feira (17), mostra que quem vota em Lula sempre o avalia como melhor pra tudo.
Os eleitores de Bolsonaro agem da mesma forma e acham que ele resolveria todos os problemas melhor que os outros. Com o petista à frente das pesquisas de intenção de voto, a maioria dos brasileiros consideram, então, Lula como o mais apto.
O coordenador da pesquisa, o cientista político Felipe Nunes vê um comportamento de “projeção” do que o eleitor acha que seu candidato, correlacionado com o seu voto. “Há um viés de confirmação operando” decisão no eleitor. “Esse viés não pode ser incorporado na análise dos dados, precisamos descontá-lo e olhar para as opiniões de quem não vota nem em um nem em outro. Ou seja, se quisermos ter uma noção melhor das capacidades de cada candidato, o melhor é olhar para quem responde sem paixão”, disse ele em análise nas redes sociais.
A Quaest perguntou a 2.000 entrevistados, entre os dias 2 e 5 deste mês, qual dos pré-candidatos a presidente é o melhor para: 1) defender os pobres; 2) combater a inflação; 3) negociar com o Congresso; 4) melhorar a saúde; 5) gerar boa imagem do país no exterior; 6) defender as mulheres; 7) combater a violência; 8) combater a corrupção.
Veja a publicação de Felipe Nunes na íntegra:
A mais recente pesquisa Genial/Quaest traçou um cenário que ajuda a explicar a divisão da maioria do eleitorado entre Lula e Bolsonaro. Para quem quer entender como o viés de confirmação funciona, este é um bom exercício.
Ao cruzar dados sobre quem os brasileiros consideram mais apto para resolver os principais problemas do país com os números das intenções de voto, percebe-se que os eleitores respondem de acordo com seu viés político, independentemente do real comportamento do candidato.
Desta forma, quem vota em Lula sempre o avalia como melhor pra tudo, inclusive pra combater a corrupção. Os eleitores de Bolsonaro agem da mesma forma e acham que ele resolveria todos os problemas melhor que os outros.
Em relação aos temas como a defesa dos pobres ou o combate à inflação, os números de Lula entre seus eleitores são mais robustos: 94% e 89%, respectivamente, contra 63% e 66% dos apoiadores de Bolsonaro.
Já no que se refere ao combate à corrupção ou à violência, os seguidores do atual presidente mostram-se mais confiantes em seu candidato: 86% e 83% acreditam que ele é mais apto a resolver tais questões….
Entre os entrevistados que preferem o ex-presidente, 62% afirmam que ele é mais preparado para enfrentar a corrupção e 69%, para lidar com a violência.
Esse comportamento de ‘projeção’ esta correlacionado com voto. Há um ‘viés de confirmação’ operando aí. Esse viés não pode ser incorporado na análise dos dados, precisamos desconta-lo e olhar para as opiniões de quem não vota nem em um nem em outro.
Ou seja, se quisermos ter uma noção melhor das capacidades de cada candidato, o melhor é olhar pra quem responde sem paixão.
Na análise do sentimento dos eleitores que não querem Lula nem Bolsonaro, alguns números também se destacam. Neste grupo, a maior vantagem do ex-presidente se dá na pergunta sobre “defender os pobres”. Para 44%, Lula é o mais preparado, contra 4% de Bolsonaro.
Já no combate à violência, Bolsonaro leva a melhor, com 25% dos brasileiros afirmando que ele é o mais apto, só 10% acham que Lula faria o melhor trabalho nessa área.
Lula também leva a melhor no combate à inflação (23 x 4) e na capacidade de negociar com o Congresso (22 x 6).
Embora a maior parte do eleitorado nem-nem diga que nenhum candidato esteja apto para combater a corrupção (34%), Bolsonaro leva grande vantagem sobre Lula (20 x 2).
1/ A mais recente pesquisa Genial/Quaest traçou um cenário que ajuda a explicar a divisão da maioria do eleitorado entre Lula e Bolsonaro. Para quem quer entender como o viés de confirmação funciona, este é um bom exercício.
Segue o fio… ??? pic.twitter.com/BTdiKTOqaG
— Felipe Nunes, PhD (@felipnunes) June 17, 2022
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