
O governo da Ucrânia convidou o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, a visitar Kiev para que ele “compreenda” a realidade da agressão russa.
Lula recebeu na segunda-feira (17) o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, com o objetivo de promover uma mediação internacional na guerra da Ucrânia que ele vem defendendo há meses. No domingo (16), no encerramento de uma viagem de três dias a Pequim e a Abu Dhabi, Lula tinha acusado os Estados Unidos e a União Europeia de alimentarem a continuidade do conflito.
Após a visita de Lavrov a Brasília, a imprensa francesa apontou as críticas de Washington ao posicionamento de Lula. Para a Casa Branca, a mensagem do presidente brasileiro sobre a guerra é “profundamente problemática”, pois repete a propaganda russa e chinesa sobre o conflito.

Críticas de Kiev
O porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, criticou no Facebook o presidente brasileiro por colocar “a vítima e o agressor no mesmo nível”. Nikolenko acusou ainda Lula de atacar os aliados da Ucrânia que ajudam o país a se “proteger de uma agressão assassina”. O porta-voz pediu a Lula que “compreenda as causas reais e a essência” da guerra na Ucrânia, desencadeada pela invasão russa em fevereiro de 2022.
A Rússia, sob sanções dos países ocidentais, iniciou uma ofensiva diplomática para convencer as potências emergentes de que está apenas se defendendo contra a hegemonia dos Estados Unidos, uma mensagem que será repetida durante o giro do chanceler russo esta semana por vários países da América Latina. Depois do Brasil, Lavrov visita nesta terça-feira a Venezuela.
Brasília rejeita acusações
O Brasil rejeitou as críticas do governo dos Estados Unidos. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse a jornalistas em Brasília “discordar totalmente das críticas americanas. O chanceler brasileiro defendeu os laços entre a Rússia e o Brasil, que “completam neste ano 195 anos de relações diplomáticas”. Vieira informou que Lavrov entregou a Lula um convite de Putin para o próximo Fórum Econômico de São Petersburgo, marcado para junho.
A guerra na Ucrânia esteve no centro das discussões da reunião dos ministros das Relações Exteriores do G7 encerrada nesta terça-feira no Japão. O grupo das sete potências advertiu no comunicado final que que qualquer país que ajudar a campanha militar russa irá “pagar caro”. Os chefes de diplomacia das principais economias do mundo prometem medidas severas contra qualquer país que ajudar a Rússia a adquirir armas e evitar as sanções.
Publicado originalmente em RFI