
O governo Lula enviou nesta quarta (28) uma comitiva ao Rio de Janeiro para discutir a crise de segurança pública após a operação mais letal da história do estado, que deixou mais de 130 mortos nos complexos do Alemão e da Penha. A missão é composta pelos ministros Ricardo Lewandowski (Justiça), Macaé Evaristo (Direitos Humanos) e pelo diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues.
A equipe foi definida em reunião de emergência no Palácio da Alvorada e o grupo deve se reunir com o governador Cláudio Castro (PL) para cobrar explicações sobre a ação e discutir medidas conjuntas de segurança.
Segundo Lewandowski, o presidente Lula ficou “estarrecido” com a quantidade de mortes e pediu transparência nas investigações. A operação, segundo o governo estadual, tinha como alvo integrantes do Comando Vermelho, mas gerou forte reação de entidades de direitos humanos e da Defensoria Pública da União.
Durante o encontro no Alvorada, o governo federal também autorizou a transferência de presos ligados ao Comando Vermelho para penitenciárias federais de segurança máxima. O pedido partiu de Castro, que participou por telefone da reunião com os ministros.

Antes da viagem, Rodrigues, confirmou que houve contato prévio “em nível operacional” entre a Polícia Militar do Rio e a Superintendência da PF sobre uma “grande operação” que seria realizada na capital. Após análise, a corporação concluiu que a ação “não era razoável” e não condizia com o modo de atuação da PF, motivo pelo qual decidiu não participar da ofensiva.
“Essa é uma operação do estado do Rio de Janeiro. Houve contato anterior do pessoal da inteligência da PM com nosso pessoal, mas nossa equipe entendeu que não era uma operação razoável para que a gente participasse”, explicou Rodrigues. Ele afirmou ainda que não havia autorização legal que permitisse a inclusão da Polícia Federal na ação.
O diretor destacou que as operações da PF seguem critérios rígidos de planejamento, legalidade e inteligência, diferentes do modelo adotado na megaoperação. “Identificamos que não teríamos nenhuma autorização legal para participarmos. Não era o modo que fazemos operação”, acrescentou.

