Lula está certo ao dizer que pobres pagam imposto e ricos sonegam. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 18 de novembro de 2017 às 17:27

No discurso em Diadema, onde o PT comemorou 35 anos da eleição do primeiro prefeito do partido, Lula deu uma declaração sobre a injustiça tributária do Brasil:

Outra coisa que eles têm que saber, que eu vou dizer agora para vocês também, é que salário não é renda. Portanto, o povo não tem que pagar imposto de renda de salário. Quem tem que pagar imposto de renda é rico. 

Os coitados dos metalúrgicos, químicos, gráficos, fazem um acordo para receber um aumento de salário e, quando vem o aumento, a Fazenda fica com tudo.

Enquanto isso, o rico sonega.

Nós vamos mudar. Estou mais preparado, mais calejado, mais experiente.

Jornais como o Estadão tiraram a frase do contexto, omitiram o que ele disse sobre a sonegação do rico, e deram a manchete: “Povo não tem que pagar imposto de renda sobre salário”.

Lula estava falando sobre a injustiça que os governos cometem em relação aos mais pobres, o que inclui dificultar o acesso à educação.

Ao dizer que salário não é renda, ele está certo. Até um certo ponto, salário é para subsistência, não é renda.

Veja-se o caso dos juízes, promotores e procuradores: ganham muito acima do teto da Constituição, o que já é ilegal, e ainda assim driblam o Fisco ao considerarem os extras não como salários, mas como benefícios como auxílio moradia e até auxílio paletó.

Ao tocar na questão do aumento dos metalúrgicos, químicos e gráficos, ele ecoou uma antiga queixa dos trabalhadores: às vezes, dependendo do aumento, o salário muda a faixa de tributação e passam a ganhar até menos, porque a alíquota do imposto muda.

O próprio Lula foi criticado por isso, no início do seu primeiro mandato, quando trabalhadores o vaiaram na Mercedes Benz.

A tabela, que define as alíquotas, estava congelada e Antônio Palocci, na época ministro da Fazenda, se recusava a corrigi-la, pela inflação.

Foi certamente por isso que Lula disse: “Nós vamos mudar. Estou mais preparado, mais calejado, mais experiente.”