Lula estuda gesto de pacificação a Alcolumbre para ajudar Messias no STF; saiba qual

Atualizado em 28 de novembro de 2025 às 8:18
Lula, presidente do Brasil, e Davi Alcolumbre, do Senado. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Lula (PT) estuda fazer um gesto direto de pacificação a Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) para tentar reduzir a resistência à indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF): entregar pessoalmente a ele a “mensagem ao Senado” que formaliza a escolha do advogado-geral da União. Com informações da colunista Malu Gaspar, do Globo.

O movimento surge após o Senado derrubar vetos presidenciais e elevar o tom contra o governo Lula, ao mesmo tempo que aliados admitem que Messias não tem hoje os 41 votos necessários para ser aprovado. Aliados do AGU reconhecem que o ambiente é hostil.

No entorno do presidente da Casa, o gesto já é lido como sinal de que Lula está disposto a conversar. Um aliado do presidente do Senado afirmou, reservadamente: “Com certeza, não se recusa agenda ao presidente da República. Sobretudo se Lula pedir pra ir na residência oficial do Senado.”

A iniciativa ocorre porque a “mensagem ao Senado” ainda não foi enviada pelo Planalto — fato que acirrou o clima político e levou aliados de Alcolumbre a suspeitarem que Lula poderia tentar adiar a sabatina marcada para 10 de dezembro. A demora, segundo esses senadores, criou a percepção de manobra para ganhar tempo.

A sabatina marcada como armadilha

A escolha da data por Alcolumbre deixou Messias com apenas 15 dias para percorrer o Senado, conversar com 81 parlamentares e buscar apoio. Para o governo, trata-se de uma armadilha.

A estratégia é impedir que Messias mobilize lideranças evangélicas, ministros do Supremo e integrantes do governo para tentar reduzir resistências ao seu nome.

O advogado-geral da União, Jorge Messias, visita senadores após ser indicado pelo presidente Lula à vaga de Barroso no STF. Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

No círculo de Alcolumbre, o objetivo declarado é não repetir o que ocorreu com André Mendonça em 2021, quando o então indicado ganhou meses para virar votos. “Não quer cometer o mesmo erro”, afirmou um interlocutor do presidente do Senado.

Ainda que Alcolumbre tenha sido o principal articulador da indicação de Rodrigo Pacheco, Messias conta, nos bastidores, com a ajuda de André Mendonça, que tem conversado com senadores da ala bolsonarista e da oposição, que veem o AGU como “quadro ideológico do PT” e “homem de confiança do Lula e da Dilma”.

Ambos são evangélicos — Messias é da Igreja Batista, e Mendonça, pastor presbiteriano —, o que tem sido utilizado para tentar diminuir resistências em grupos religiosos do Senado.