Lula exonera 370 indicados do Centrão após votação contra taxação das bets e dos super-ricos

Atualizado em 14 de outubro de 2025 às 13:49
O presidente Lula (PT) com cartaz pedindo a taxação dos super-ricos em ato em Salvador. Foto: Ricardo Stuckert

O governo Lula (PT) exonerou mais de 370 indicados políticos ligados a partidos do Centrão após a base aliada no Congresso deixar caducar a Medida Provisória 1303/2025, que previa a taxação de bets, bilionários e bancos. Com informações do UOL.

A decisão do presidente petista ocorre menos de uma semana depois de o PP, o União Brasil, o MDB, o PSD e o Republicanos se alinharem à Faria Lima e articularem contra o texto.

A ofensiva para barrar a MP foi liderada por Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Ciro Nogueira (PP-PI). A medida era vista pelo governo como essencial para equilibrar as contas públicas e evitar uma “bomba fiscal” em 2026 — ano eleitoral.

As exonerações começaram na sexta-feira (10) e atingiram especialmente indicações políticas em ministérios e autarquias do segundo escalão. Segundo o Planalto, o corte faz parte de um pente-fino para reavaliar o espaço concedido a partidos que, apesar de integrarem o governo, votaram com a oposição.

União Brasil é o partido mais atingido

O União Brasil, presidido por Antonio Rueda, foi o mais afetado, com 119 exonerações. Entre elas:

  • Planalto: 10
  • Advocacia-Geral da União (AGU): 9
  • Ministério da Integração Regional: 18
  • Ministério dos Transportes: 6
  • Ministério dos Povos Indígenas: 6
  • Outros órgãos federais completam a lista.

A Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco) ainda não foi afetada. O órgão é comandado por indicados do senador Davi Alcolumbre (União-AP), aliado próximo do governo.

Presidente do União Brasil, Antônio Rueda, durante convenção nacional da legenda. Foto: Pedro Ladeira

MDB perde mais de 100 cargos

O MDB, comandado por Baleia Rossi e Michel Temer, teve 112 indicações demitidas, sendo:

  • Presidência da República: 6
  • Ministério dos Transportes: 15
  • Ministério da Saúde: 11
  • Ministério da Gestão e Inovação: 8
  • Ministério de Minas e Energia: 7.

O ministro Renan Filho (MDB-AL), dos Transportes, foi o mais afetado dentro da legenda.

PSD, PP e Republicanos também são atingidos

O PSD, de Gilberto Kassab, perdeu 63 cargos:

  • Ministério da Agricultura (Carlos Fávaro): 17
  • Ministério da Pesca (André de Paula): 17
  • Ministério da Saúde: 5
  • Integração Regional: 5
  • Povos Indígenas: 4.

O PP, de Ciro Nogueira, teve 48 exonerações, entre elas:

  • Ministério dos Esportes (André Fufuca): 7
  • AGU: 6
  • Ministério da Saúde: 5
  • Integração: 5
  • Gestão e Inovação: 4.

Já o Republicanos, ligado à Igreja Universal, comandado por Marcos Pereira e que abriga o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, perdeu 20 cargos, sendo:

  • Ministério de Portos e Aeroportos (Silvio Costa Filho): 3
  • Integração Regional: 5
  • Povos Indígenas: 4
  • Transportes: 4
  • Agricultura: 3.
Diálogo entre Tarcísio e Ciro Nogueira em evento foi combinado
O senador Ciro Nogueira (PP) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Foto: Reprodução