
Durante o giro pela Ásia, o presidente Lula manteve silêncio absoluto sobre sua escolha para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo aliados, qualquer tentativa de sondá-lo sobre o tema encontrou uma barreira. Segundo a coluna de Daniela Lima no UOL, ele deu sinais de que continua inclinado a indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias, sem oferecer detalhes adicionais ou confirmar datas.
Ao retornar ao Brasil, Lula trará os mesmos impasses políticos que deixou antes da viagem à Indonésia e à Malásia, onde também teve um encontro com o presidente americano Donald Trump. A questão da sucessão no STF segue no centro das atenções, agora sob pressão renovada do Senado e de figuras que buscam protagonismo no processo.
Entre os senadores, há uma mobilização pela indicação de Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Interlocutores afirmam que Lula deve procurá-lo ainda nesta semana para uma conversa longa e estratégica. Pacheco, por sua vez, tenta se distanciar das pressões, delegando articulações a Davi Alcolumbre (União-AP), seu aliado e presidente do Senado.
Em movimento calculado, Pacheco acenou à possibilidade de disputar o governo de Minas Gerais em 2026, o que foi lido como gesto de conciliação. A estratégia visa reduzir tensões e evitar que ele seja visto como o articulador de uma rebelião legislativa contra o Planalto, preservando a imagem de equilíbrio que construiu nos últimos meses.

Enquanto isso, a Câmara dos Deputados tenta retomar espaço no tabuleiro político. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), definiu uma “pauta positiva”, que inclui projetos para endurecer punições a falsificadores de bebidas e integrantes de organizações criminosas. Sem temas explosivos na agenda, a Câmara evita crises, deixando ao Senado o ônus de eventual confronto com o Executivo.
Lula volta da Ásia fortalecido. O sucesso da aproximação com Trump ampliou seu capital político e diplomático, abrindo margem para interferir em temas sensíveis, como as sanções impostas a autoridades brasileiras, algumas delas ligadas ao próprio STF. O novo contexto reforça sua posição para negociar de forma mais segura.
Ainda assim, auxiliares recomendam prudência. A escolha para o Supremo precisa ser feita sem deixar sequelas políticas, especialmente diante da presença de outro candidato com força nos bastidores: o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas.