Lula pede a cassação de Eduardo Bolsonaro e alfineta: “Filho meu não chorou pelos cantos”

Atualizado em 8 de agosto de 2025 às 23:43
O presidente Lula em Roraima. Foto: Reprodução/Gov.br

Durante um evento em Roraima na noite desta sexta-feira (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas diretas ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A declaração ocorreu enquanto o petista discursava sobre investimentos do governo federal no estado.

Lula reagiu à atuação do parlamentar nos Estados Unidos, onde, segundo ele, Eduardo estaria articulando junto ao ex-presidente Donald Trump a aplicação de sanções contra produtos brasileiros. O objetivo seria pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) a encerrar processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O presidente afirmou que o filho de Bolsonaro deveria perder o mandato na Câmara dos Deputados. Na fala, comparou a situação com o período em que esteve preso, entre abril de 2018 e novembro de 2019, afirmando que seus filhos não buscaram ajuda no exterior ou agiram contra o país. “Filho meu não chorou pelos cantos”, disse o líder do governo.

Ainda citou o episódio de sua prisão na Operação Lava Jato, quando foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A sentença foi anulada pelo STF em março de 2021, sob o entendimento de que a Justiça Federal do Paraná não tinha competência para julgar o caso. O juiz responsável, Sergio Moro, foi posteriormente ministro da Justiça no governo Bolsonaro e atualmente ocupa o cargo de senador pelo União Brasil.

Lula em depoimento durante a Operação Lava-Jato. Foto: Reprodução.

O ex-presidente Jair Bolsonaro é investigado pelo STF por suposta tentativa de golpe de Estado e por articulações políticas com Donald Trump. Segundo apurações, essas ações teriam o objetivo de influenciar o Judiciário brasileiro. Eduardo Bolsonaro está em Washington desde fevereiro para tratar do tema.

No discurso, Lula também fez críticas ao comportamento do ex-presidente, dizendo que ele deveria “responder pelo que fez” e acusando-o de não ter coragem para passar a faixa presidencial em 2023. Afirmou ainda que as denúncias contra Bolsonaro não partem apenas da oposição, mas de pessoas próximas a ele.

Ao se referir a “asseclas”, o presidente mencionou o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. O militar firmou acordo de delação premiada e forneceu informações que teriam ajudado nas investigações sobre a tentativa de golpe após a derrota eleitoral de 2022.

Mauro Cid indicou à Polícia Federal caminhos para localizar provas que sustentam a acusação. O conteúdo de sua colaboração reforça as suspeitas de que houve planejamento para reverter o resultado das urnas, fato que permanece sob apuração do STF.

Lindiane Seno
Lindiane é advogada, redatora e produtora de lives no DCM TV.