Lula pede a Trump para Marco Rubio conversar com o Brasil “sem preconceito”

Atualizado em 6 de outubro de 2025 às 23:29
O secretário de Estado, Marco Rubio. Foto: Divulgação

O presidente Lula revelou em entrevista exclusiva à TV Mirante, do Maranhão, nesta segunda-feira (6), que durante uma conversa telefônica com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu ao líder norte-americano que o secretário de Estado, Marco Rubio, converse com o Brasil “sem preconceito”.

A declaração de Lula ocorreu poucas horas após o telefonema com Trump, que teve foco nas relações econômicas entre os dois países, especialmente nas tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros.

Marco Rubio, que foi designado por Trump para negociar o tarifário de 50% aplicado aos produtos brasileiros, tem sido uma figura polêmica, com declarações que se alinham com críticas ao governo brasileiro e ao Judiciário.

Desde o anúncio da medida, em julho, Rubio tem defendido o tarifaço, o que gerou tensões entre os dois países. Para as negociações do lado brasileiro, o governo contou com a participação dos ministros Geraldo Alckmin (Desenvolvimento e Comércio Exterior), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Fernando Haddad (Fazenda).

“Ficou acertado que a partir de amanhã eles vão fazer uma discussão sobre o Brasil. O secretário de Estado dele vai procurar o nosso governo porque eu tenho Alckmin negociando, eu tenho o Mauro Vieira, que é o chanceler, e tenho o Haddad, que é o ministro da Fazenda. Eu pedi para ele [Trump] dizer ao Marco Rubio para conversar com o Brasil sem preconceito com o Brasil, porque pelas entrevistas que ele deu há um certo desconhecimento sobre o Brasil”, afirmou Lula.

A conversa telefônica entre os dois presidentes durou cerca de 30 minutos e abordou temas como a questão das tarifas impostas pelos Estados Unidos. Lula afirmou que o diálogo foi positivo e que, ao final, ambos trocaram números de telefone pessoal para facilitar as negociações diretas, sem intermediários.

“Ele [Trump] disse que vai dar tudo certo e o mais importante: ele me deu o telefone pessoal dele e eu dei o meu, para que a gente não precise de intermediário para fazer as coisas boas para os Estados Unidos e o Brasil”, completou o presidente brasileiro.

Lula também deixou claro que, em questões políticas importantes, não hesitará em entrar em contato direto com Trump, sem a necessidade de seguir os procedimentos burocráticos.

“Se for uma coisa que precisar envolver mais gente, eu vou envolver, porque não sou eu que faço as negociações. Mas quando eu tiver um assunto político grave e eu tiver que tratar com o presidente Trump e ele comigo, a gente não vai precisar ficar esperando que a burocracia marque uma data. Não. A gente pega o telefone, liga um para o outro e coloca o assunto na mesa”, declarou.

Marco Rubio, de origem cubana, tem se destacado pela sua postura conservadora e pelo interesse nas questões políticas da América Latina. Quando ainda era rival de Trump nas primárias republicanas de 2015 e 2016, ele ganhou o apelido jocoso de “Little Marco” (“Marquinhos”), mas, após se aliar a ao mandatário dos EUA, passou a ocupar uma das posições mais influentes no governo.

Além disso, Rubio mantém uma relação próxima com a família do ex-presidente Bolsonaro, uma aliança que remonta a 2018, quando começou sua colaboração com o então presidente brasileiro. Recentemente, ele utilizou suas redes sociais para criticar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, o que reacendeu as tensões entre figuras políticas brasileiras e americanas.

A postura de Rubio, que tem um histórico de antagonismo com o Brasil em várias frentes, levanta questionamentos sobre como suas futuras interações com o governo Lula afetarão as relações bilaterais. Após a conversa com Lula, Donald Trump se manifestou positivamente, descrevendo a ligação como “muito boa” e expressando seu desejo de visitar o Brasil “em algum momento”.

Durante a coletiva de imprensa, Trump foi questionado sobre a possibilidade de sua visita ao Brasil durante a COP30, que ocorrerá em Belém, no Pará, em novembro. No entanto, o presidente dos EUA não esclareceu se participará do evento.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.