Lula pode cassar de Bolsonaro medalha que foi articulada pelo pai de Mauro Cid; entenda

Atualizado em 15 de setembro de 2025 às 6:53
O ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Divulgação

A possível cassação da medalha Ordem do Pacificador, concedida ao ex-presidente Jair Bolsonaro, estará nas mãos do presidente Lula. A medida será tomada caso o Superior Tribunal Militar (STM) confirme a perda de posto e patente do ex-capitão, punição prevista para qualquer militar condenado a mais de dois anos de prisão. Ele foi sentenciado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos de cadeia no processo da tentativa de golpe. Com informações de Octávio Guedes, do g1.

A determinação está prevista no artigo 10 do decreto 4.207, de abril de 2002, assinado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. O texto não deixa margem para escolha: diante da perda do oficialato, cabe ao presidente da República assinar a ordem de cassação da medalha, uma das principais honrarias do Exército brasileiro.

A Ordem do Pacificador entrou para o histórico de Bolsonaro em circunstâncias controversas. A condecoração foi articulada pelo general Lourena Cid, pai de Mauro Cid, para livrar Bolsonaro de um processo de racismo movido pela cantora Preta Gil.

À época, o então deputado federal havia feito comentários ofensivos contra a artista em uma entrevista, o que resultou em ação judicial. Em 2013, Bolsonaro recorreu a Lourena Cid para que o caso fosse revertido.

Bolsonaro recebendo a Medalha do Pacificador do Exército em 2018. Foto: Divulgação

O general pediu ao comandante do Exército, Enzo Martins Peri, que Bolsonaro recebesse a medalha sob a justificativa de que teria salvo um soldado negro durante um treinamento nos anos 1970. O episódio foi usado como argumento para sustentar que Bolsonaro não poderia ser acusado de racismo.

Apesar do pedido, o general Enzo rejeitou a solicitação, afirmando que não era correto misturar disputas políticas com a tradição militar. Uma sindicância chegou a ser aberta para verificar a versão apresentada, mas a condecoração só seria entregue anos depois, já sob o comando do general Eduardo Villas Bôas. Foi ele quem autorizou a medalha, destinada a atos de coragem e bravura com risco de vida.

Se o STM declarar Bolsonaro indigno do oficialato, a honraria terá de ser retirada por determinação legal. A medida colocaria fim a uma das principais insígnias que o ex-presidente exibiu em ocasiões públicas, inclusive diante de ministros do STF, como no interrogatório no processo do golpe.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.