
O presidente Lula (PT) abre na próxima terça-feira (23), em Nova York, o debate geral da Assembleia Geral da ONU. O discurso, ainda em fase final de ajustes, deve abordar soberania, democracia, multilateralismo, mudanças climáticas e a guerra em Gaza. Assessores afirmam que a fala também trará recados em tom diplomático ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conforme informações do G1.
O Brasil tradicionalmente inaugura os discursos de chefes de Estado na ONU. Lula será o primeiro a falar, seguido pelo representante dos EUA, o que pode gerar um encontro entre ele e Trump nos corredores da organização.
Defesa da soberania e tarifas de Trump
O presidente deve reafirmar a defesa da democracia e da soberania nacional, em um contexto de atrito com os EUA após Trump impor uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros.
Segundo o governo, a medida foi uma tentativa de interferir no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado pelo STF a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe. Desde então, Lula tem destacado a independência do Supremo.
Aliados acreditam que o presidente usará o discurso para marcar posição contra a guerra tarifária de Trump, mas sem adotar ataques diretos ao líder americano.

COP30 em Belém
A pauta ambiental também terá destaque. Como anfitrião da COP30, em novembro, o Brasil cobrará mais comprometimento dos países ricos no financiamento da preservação de florestas tropicais e na transição energética.
Lula reafirmará a meta de zerar o desmatamento da Amazônia até 2030 e deve exigir que os países desenvolvidos apresentem metas mais ambiciosas de redução de emissões. Também defenderá a soberania dos países amazônicos no combate a problemas de segurança, em contraponto à movimentação de navios militares americanos no Caribe.
Guerras na Ucrânia e em Gaza
O discurso, elaborado em conjunto com ministros e assessores, também deve abordar a necessidade de reformas nos organismos internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU.
Na política internacional, Lula deve defender o cessar-fogo na Ucrânia, com negociações envolvendo Rússia e Ucrânia, e reforçar sua crítica à intensidade da resposta de Israel aos ataques do Hamas.
O presidente já afirmou que a ação militar israelense tem caráter de erradicação dos palestinos e voltará a defender a criação de um Estado palestino capaz de conviver com Israel.