Lula prepara resposta ao tarifaço de Trump em reunião emergencial no Alvorada

Atualizado em 13 de julho de 2025 às 20:11
Lula com boné “O Brasil é dos brasileiros”. Imagem: reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou uma reunião emergencial neste domingo (13), no Palácio da Alvorada, para discutir a resposta do Brasil ao aumento de tarifas imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump. No centro da pauta está o decreto que regulamentará a Lei da Reciprocidade.

Como conta a Folha de S.Paulo, participam do encontro o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro da Secom, Sidônio Palmeira, e um representante do Ministério da Fazenda — já que Fernando Haddad está fora de Brasília. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), também foi chamado.

O decreto deve ser publicado até a próxima terça-feira (16) e detalhará os instrumentos de retaliação previstos na nova legislação. Ainda assim, integrantes do governo reforçam que a solução diplomática será priorizada. “Vamos esgotar todas as possibilidades de diálogo com os EUA. Mas, se não houver recuo, a resposta será proporcional”, afirmou um interlocutor do Planalto.

A Lei de Reciprocidade permite que o Brasil aplique contramedidas em casos de ações unilaterais que prejudiquem interesses comerciais do país, alinhando-se a práticas já adotadas por outros parceiros internacionais. A expectativa é que o decreto ofereça respostas concretas tanto para o setor produtivo quanto para os mercados externos que acompanham o desdobramento da crise.

Mais cedo, Alckmin afirmou que o decreto será editado até terça-feira (15). Uma versão preliminar do texto propõe a criação de um grupo de trabalho com até 180 dias — prorrogáveis por mais 90 — para definir medidas contra países ou blocos que impuserem barreiras ao Brasil. No entanto, uma ala do governo quer evitar estruturas burocráticas pesadas.

O Planalto também vai usar a crise para reforçar o discurso político. A ideia é dar maior visibilidade a Lula nos próximos dias, com entrevistas e encontros com empresários, usando o tarifaço como símbolo de injustiça social e ameaça à soberania brasileira. Internamente, o governo busca associar a imagem de Trump ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos), provável candidato à Presidência em 2026.

Trump anunciou as sobretaxas contra produtos brasileiros na quarta-feira (9), em carta onde defende Bolsonaro e o acusa de perseguição judicial. O ex-presidente é réu no STF, acusado de articular uma tentativa de golpe em 8 de janeiro para impedir a posse de Lula em 2023.