
O presidente Lula (PT) deve alertar Donald Trump, em uma reunião presencial prevista para as próximas semanas, que uma ação militar dos Estados Unidos na Venezuela pode gerar instabilidade em toda a América Latina, conforme informações da Folha de S.Paulo.
O governo brasileiro avalia que uma intervenção armada teria efeitos desastrosos para a segurança regional e fortaleceria o crime organizado e o tráfico de drogas no continente.
De acordo com um alto funcionário do governo, Lula pretende deixar claro ao republicano que qualquer ataque ao território venezuelano pode “causar instabilidade em toda a região”. O presidente brasileiro argumentará que tentativas de “mudança de regime” em Caracas podem produzir o efeito oposto ao que Trump alega buscar, aumentando a tensão política e econômica nos países vizinhos.
O Palácio do Planalto considera essencial reforçar o diálogo diplomático com os Estados Unidos para evitar o agravamento da crise. Segundo fontes do Itamaraty, Lula vê o encontro como uma oportunidade para defender uma solução negociada e alertar Trump sobre o impacto de medidas unilaterais na região.
Trump confirma operações secretas na Venezuela
O governo americano direcionou diversos navios de guerra ao mar do Caribe e mantém ao menos dez embarcações na região. Segundo Washington, as ofensivas miram embarcações venezuelanas supostamente ligadas ao narcotráfico, classificadas como “narcoterroristas”.

Encontro ainda sem data definida
Ainda não há data nem local definidos para a reunião entre Lula e Trump. O encontro começou a ser articulado nos bastidores após uma conversa entre os dois durante a Assembleia-Geral da ONU, em Nova York.
O governo brasileiro espera realizar a reunião ainda neste ano, evitando que as pressões políticas do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) prejudiquem novamente a relação bilateral.
Segundo um integrante do Planalto, o Brasil tem sido “bem-sucedido em descontaminar a agenda bilateral de assuntos de política interna” e aposta na aproximação para discutir a retirada de tarifas e sanções contra o país.
Há expectativa de que os presidentes possam se reunir às margens da reunião da Asean, na Malásia, nos dias 26 ou 27 de outubro. Caso as agendas não coincidam, o “plano B” seria um encontro durante a Cúpula das Américas, marcada para o início de dezembro em Punta Cana, na República Dominicana.
A cúpula, no entanto, é vista com cautela pelo governo brasileiro. Atendendo a pressões dos EUA, o governo dominicano decidiu não convidar Cuba, Venezuela e Nicarágua. Em protesto, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, já anunciou que vai boicotar o evento.