Lula pretende alertar Trump que ofensiva dos EUA na Venezuela ameaça estabilidade regional

Atualizado em 18 de outubro de 2025 às 10:02
Os presidentes Lula, do Brasil, e Donald Trump, dos Estados Unidos. Foto: Reprodução

O presidente Lula (PT) deve alertar Donald Trump, em uma reunião presencial prevista para as próximas semanas, que uma ação militar dos Estados Unidos na Venezuela pode gerar instabilidade em toda a América Latina, conforme informações da Folha de S.Paulo.

O governo brasileiro avalia que uma intervenção armada teria efeitos desastrosos para a segurança regional e fortaleceria o crime organizado e o tráfico de drogas no continente.

De acordo com um alto funcionário do governo, Lula pretende deixar claro ao republicano que qualquer ataque ao território venezuelano pode “causar instabilidade em toda a região”. O presidente brasileiro argumentará que tentativas de “mudança de regime” em Caracas podem produzir o efeito oposto ao que Trump alega buscar, aumentando a tensão política e econômica nos países vizinhos.

O Palácio do Planalto considera essencial reforçar o diálogo diplomático com os Estados Unidos para evitar o agravamento da crise. Segundo fontes do Itamaraty, Lula vê o encontro como uma oportunidade para defender uma solução negociada e alertar Trump sobre o impacto de medidas unilaterais na região.

Trump confirma operações secretas na Venezuela

Na quarta-feira (15), Trump confirmou ter autorizado a CIA, a agência de inteligência americana, a realizar “operações secretas” na Venezuela com o objetivo de derrubar Nicolás Maduro.

O governo americano direcionou diversos navios de guerra ao mar do Caribe e mantém ao menos dez embarcações na região. Segundo Washington, as ofensivas miram embarcações venezuelanas supostamente ligadas ao narcotráfico, classificadas como “narcoterroristas”.

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela. Foto: Reprodução

Encontro ainda sem data definida

Ainda não há data nem local definidos para a reunião entre Lula e Trump. O encontro começou a ser articulado nos bastidores após uma conversa entre os dois durante a Assembleia-Geral da ONU, em Nova York.

O governo brasileiro espera realizar a reunião ainda neste ano, evitando que as pressões políticas do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) prejudiquem novamente a relação bilateral.

Segundo um integrante do Planalto, o Brasil tem sido “bem-sucedido em descontaminar a agenda bilateral de assuntos de política interna” e aposta na aproximação para discutir a retirada de tarifas e sanções contra o país.

Há expectativa de que os presidentes possam se reunir às margens da reunião da Asean, na Malásia, nos dias 26 ou 27 de outubro. Caso as agendas não coincidam, o “plano B” seria um encontro durante a Cúpula das Américas, marcada para o início de dezembro em Punta Cana, na República Dominicana.

A cúpula, no entanto, é vista com cautela pelo governo brasileiro. Atendendo a pressões dos EUA, o governo dominicano decidiu não convidar Cuba, Venezuela e Nicarágua. Em protesto, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, já anunciou que vai boicotar o evento.