Lula pretende dizer a Trump que tarifas impostas ao Brasil foram “um erro”

Atualizado em 24 de outubro de 2025 às 6:23
Presidente Lula, durante entrevista coletiva na Indonésia. Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (24) que pretende dizer ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que as tarifas impostas contra o Brasil foram “um erro”. O encontro entre os dois deve ocorrer à margem da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), marcada para domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia.

Durante entrevista coletiva na sede da ASEAN, em Jacarta, Lula declarou estar “totalmente preparado” para defender os interesses do país e apresentar dados sobre o comércio bilateral. Segundo ele, a justificativa usada por Washington para aplicar tarifas de 50% a produtos brasileiros “não tem fundamento nem veracidade”. O presidente destacou que, em 15 anos, os Estados Unidos acumularam superávit de 410 bilhões de dólares na balança com o Brasil.

As sanções também atingiram autoridades brasileiras, incluindo o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, após Trump alegar “perseguição política” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. O STF condenou o ex-mandatário, aliado do republicano, a 27 anos de prisão por envolvimento na tentativa de golpe após a derrota de 2022.

Lula negou que o caso configure violação de direitos humanos e disse que o Brasil é um Estado de direito. “Qualquer pessoa que comete um crime no Brasil é julgada e quem é culpado, é punido”, afirmou.

Os dois líderes, ambos com 79 anos, reabriram o diálogo após uma breve conversa durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro, e uma ligação telefônica no início de outubro. Segundo fontes diplomáticas, o encontro na Malásia está em fase final de preparação.

Lula evitou comentar concessões comerciais que o Brasil poderia oferecer, mas demonstrou otimismo quanto à retomada das negociações. “Estamos avançando para demonstrar que não há divergência que não possa ser resolvida quando duas pessoas de boa vontade se sentam à mesa”, disse.

Além das tarifas, o presidente brasileiro pretende abordar temas como narcotráfico, guerra comercial e soberania nacional. Lula criticou as recentes ações dos Estados Unidos contra embarcações classificadas como “narcoterroristas” e afirmou que nenhuma potência pode intervir “na terra dos outros” sem respeitar suas constituições.

O petista também mencionou que discutirá pautas como Gaza, Ucrânia, Venezuela e energia. “O mundo não pode continuar com essa polarização, do bem contra o mal, a vida toda”, concluiu.