O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como “inaceitável” a decisão do governo dos Estados Unidos de revogar os vistos de entrada de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Em resposta à medida, Lula convocou neste sábado (19) o chanceler Mauro Vieira para uma reunião no Palácio da Alvorada, em Brasília. A conversa aconteceu entre o final da manhã e o início da tarde e teve como pauta, além da crise diplomática, a viagem do presidente ao Chile.
A sanção contra os magistrados brasileiros foi anunciada na sexta-feira pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio. Segundo ele, o presidente Donald Trump determinou a revogação dos vistos de Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia, Edson Fachin, Gilmar Mendes e seus familiares. O motivo alegado seria a “censura de expressão” no Brasil, prática que, segundo Rubio, fere princípios constitucionais dos EUA.
Em nota oficial, Lula prestou solidariedade aos ministros atingidos e afirmou que a decisão americana representa uma “interferência inaceitável no sistema de Justiça” do país. O presidente destacou que “nenhum tipo de intimidação ou ameaça comprometerá a missão das instituições nacionais de defender o Estado Democrático de Direito”.
A decisão de Trump agrava a tensão diplomática entre os dois países. Há dez dias, o governo americano já havia comunicado a imposição de uma tarifa de 50% sobre as importações brasileiras a partir de janeiro. Além disso, nesta semana, foi aberta uma investigação formal contra o Brasil por práticas comerciais consideradas desleais, com destaque para o uso do sistema Pix, que estaria restringindo exportações dos EUA.
Durante a reunião com Mauro Vieira, Lula discutiu também os preparativos para sua viagem ao Chile, onde participará de uma cúpula sobre democracia. A ida a Santiago está mantida para domingo (20), com retorno previsto para a noite de segunda-feira.
A crise diplomática gerada pela revogação dos vistos amplia o desgaste entre os governos Lula e Trump. Especialistas em política internacional avaliam que o caso pode ter impacto direto nas negociações comerciais e na cooperação entre os países nos próximos meses, especialmente diante do tom hostil adotado por Washington.