
O presidente Lula recebeu nesta terça-feira (14) os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin no Palácio da Alvorada. O encontro, solicitado pelos próprios magistrados, teve como principal pauta a sucessão no Supremo após a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso, que deixou a Corte na semana passada.
A reunião também contou com a presença do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. Segundo interlocutores, o objetivo do encontro foi discutir o perfil ideal para o novo integrante do STF e avaliar os impactos políticos da escolha. Lula desembarcou em Brasília no início da tarde, após viagem oficial a Roma, onde participou da Semana Mundial da Alimentação e se reuniu com o Papa Leão XIV.
Em entrevista concedida na capital italiana, o presidente evitou antecipar nomes, mas afirmou que pretende “conversar com muita gente” antes de tomar uma decisão. A vaga deixada por Barroso será a terceira indicação de Lula desde o início do mandato, reforçando o peso político de sua escolha.
Entre os cotados estão Jorge Messias, advogado-geral da União e nome de maior confiança do presidente; o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco; o ministro do TCU Bruno Dantas; e a ministra do STJ Daniela Teixeira, citada como alternativa caso cresça a pressão por uma indicação feminina, especialmente de uma mulher negra.

Fontes próximas ao Planalto afirmam que Messias é o favorito de Lula. Os dois se aproximaram nos últimos meses, e o presidente vê nele um aliado leal, além de um técnico com experiência jurídica sólida. A escolha deve ser anunciada nos próximos dias, para evitar desgaste com o Supremo.
Além da sucessão no STF, Lula também precisa resolver o impasse criado pela queda da medida provisória que ampliava a arrecadação para equilibrar as contas públicas até 2026. O texto perdeu validade sem ser votado pelo Congresso, o que obrigou a equipe econômica a buscar novas alternativas para conter o déficit.
No campo político, o governo iniciou uma ofensiva contra o Centrão, após aliados de Arthur Lira ajudarem a derrubar a MP. Segundo fontes do Planalto, Lula autorizou a substituição de indicados do bloco em cargos de segundo escalão como forma de retaliação.
Enquanto tenta recompor a base no Congresso, o presidente também analisa mudanças no ministério. Um dos nomes cogitados é o do deputado Guilherme Boulos, que pode ser chamado para integrar o governo nos próximos meses.