Lula se desculpa após dizer que traficantes são “vítimas” dos usuários

Atualizado em 24 de outubro de 2025 às 14:59
O presidente Lula. Foto: Divulgação

O presidente Lula tentou conter nesta sexta-feira (24) a repercussão negativa de uma declaração dada durante sua viagem à Indonésia, em que chamou traficantes de “vítimas” dos usuários de drogas. A fala gerou forte reação da oposição e ampla repercussão nas redes sociais.

Em nota publicada em seu perfil oficial, ele reconheceu que a frase foi “mal colocada” e reafirmou ser “claramente contra o tráfico e o crime organizado”. O presidente escreveu que “mais importante do que as palavras são as ações” e destacou medidas recentes do governo na área da segurança pública.

Segundo ele, o país vive “a maior operação da história contra o crime organizado”, além do envio da PEC da Segurança Pública ao Congresso e de “recordes na apreensão de drogas”. Lula afirmou que o governo continuará “firme no enfrentamento ao tráfico e ao crime organizado”.

A fala teve origem em uma entrevista coletiva concedida na Indonésia. Ao comentar ações dos Estados Unidos contra o narcotráfico, Lula disse que o combate às drogas também deveria envolver o enfrentamento da demanda interna. “Possivelmente fosse mais fácil combater nossos viciados internamente.

Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários também”, afirmou. Em seguida, tentou contextualizar, dizendo que há uma relação de dependência entre quem vende e quem consome drogas.

A declaração foi rapidamente explorada por adversários políticos. O senador e ex-ministro Ciro Nogueira ironizou a fala ao afirmar que “vítima é o povo brasileiro dessa visão em que as vítimas são culpadas e os culpados são vítimas”.

O deputado federal Nikolas Ferreira também comentou: “No ritmo que vai, daqui a pouco o PCC vira ONG”. As críticas dominaram as redes ao longo do dia, com o tema entre os assuntos mais comentados.

Nos bastidores do governo, aliados reconheceram o erro de formulação, mas tentaram reduzir o impacto, argumentando que Lula buscava reforçar a importância de políticas de prevenção e tratamento. Assessores lembraram que o presidente já havia defendido, em discursos anteriores, uma abordagem “humanitária” no combate às drogas, sem defender a criminalidade.

A reação ocorreu no mesmo dia em que o petista recebeu resultados positivos em pesquisa Atlas/Bloomberg. O levantamento mostrou que sua aprovação atingiu o melhor índice desde janeiro de 2024 e que ele venceria todos os principais adversários em possíveis cenários de disputa eleitoral em 2026.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.